Tragédia

Dados da inteligência de Israel revelam: 83% dos mortos em Gaza são civis

Números foram divulgados pelo jornal The Guardian em uma investigação com os veículos israelenses
Por Estadão Conteúdo 22/08/2025 - 16:20
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Agencia Brasil/Arquivo
Netanyahu diz que ofensiva vai continuar em Gaza
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Dados confidenciais da inteligência militar de Israel indicam que 83% dos mortos pelas forças israelenses na guerra na Faixa de Gaza eram civis. Os números foram divulgados pelo jornal britânico The Guardian em uma investigação conjunta com os veículos israelenses +972 Magazine e Local Call.

A reportagem revelou que até maio deste ano, a inteligência israelense listou 8.900 mortos ou “provavelmente mortos” como terroristas combatentes de grupos terroristas, dentre os cerca de 53 mil que já morreram desde o início do conflito em outubro de 2023.



A parcela dos terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica Palestina dados como mortos representa apenas 17% do número total de baixas, segundo os dados. Isso significa que cinco em cada seis palestinos mortos pelas forças de Israel eram civis.

De acordo com dados do Uppsala Conflict Data Program (UCDP), um programa que coleta dados sobre violência organizada e conflitos armados da Universidade de Uppsala, na Suécia, nos conflitos globais monitorados desde 1989, os civis representaram uma proporção maior de mortos apenas no massacre de Srebrenica – embora não na guerra da Bósnia como um todo – no genocídio de Ruanda e durante o cerco russo de Mariupol em 2022.

Os militares israelenses não contestaram a existência do banco de dados confidencial nem dos números divulgados, quando contatados pela Local Call e pela +972 Magazine. Quando o The Guardian solicitou comentários sobre os mesmos dados, um porta-voz disse que eles haviam decidido “reformular” sua resposta, relata o jornal britânico.

A declaração afirmava que “os números apresentados no artigo estão incorretos”, e que eles “não refletem os dados disponíveis nos sistemas das Forças de Defesa de Israel (FDI)”, sem detalhar quais seriam os sistemas ou os dados. Um porta-voz não respondeu quando questionado pelo The Guardian sobre o motivo dos militares terem dado respostas diferentes aos jornais.

O banco de dados divulgados pela reportagem lista 47.653 palestinos considerados ativos nas alas militares do Hamas e da Jihad Islâmica. O jornal britânico explica que esses números seriam baseados em documentos aparentemente internos dos grupos apreendidos em Gaza, que não foram visualizados nem verificados

Contudo, várias fontes de inteligência familiarizadas com o banco de dados disseram que os militares o viam como a única contagem confiável do número de mortes.

Os militares israelenses também levam em consideração os números do Ministério da Saúde de Gaza (controlado pelo Hamas), informou o Local Call, embora os políticos de Israel frequentemente os descartem devido ao vínculo com o grupo terrorista palestino.


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