PINHEIRO

Movimentos sociais dizem ser criminoso incêndio que atingiu casa em Maceió

Organizações consideraram o episódio uma 'tentativa de intimidação'
Por Redação 09/10/2024 - 19:39

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Reprodução/vídeo
Incêndio aconteceu na madrugada de terça-feira
Incêndio aconteceu na madrugada de terça-feira

Movimentos sociais contra a Braskem divulgaram notas nesta quarta-feira, 9, nas quais repudiam e chamam de criminoso o incêndio que atingiu uma casa no Pinheiro, um dos bairros de Maceió afetados pela mineração feita pela empresa. As organizações consideraram o episódio, que aconteceu na madrugada de terça-feira, 8, como uma "tentativa de intimidação".

As chamas atingiram a casa do e coordenador-geral do MUVB, Cássio Araújo. Não havia ninguém no imóvel e não houve feridos, mas o ataque destruiu parte significativa do imóvel, incluindo uma coleção de cerca de 20 mil livros, patrimônio pessoal e cultural de valor incalculável.

"Coincidentemente, na semana passada, a Braskem tentou demolir a residência de Cássio, mas a intervenção direta do próprio coordenador impediu a invasão. Dias depois, um incêndio misterioso tomou o imóvel, após uma pessoa supostamente ter entrado pelo alçapão e utilizado álcool para iniciar as chamas. Esse foi o quinto ataque à casa desde novembro, em um ciclo repetido de intimidações e violências contra um defensor de direitos humanos que luta apenas por justiça", afirma, em nota, o MUVB.

Além de indignação, a nota também expressa "total solidariedade" ao procurador. Segundo o movimento, a Braskem forçou a retirada do morador do local e tinha responsabilidade pela segurança das residências desocupadas, mas "não ofereceu proteção contra as invasões e furtos constantes no imóvel do coordenador".

"Cássio Araújo tem sido um incansável defensor das vítimas do megadesastre causado pela Braskem, cujos impactos devastaram a vida de cerca de 50 mil pessoas e afetaram diretamente outras 85 mil, residentes no entorno. Mesmo vivendo a mais de 2 km de distância da mina 18 — que colapsou em dezembro, no maior crime ambiental em área urbana do mundo — Cássio foi forçado pela Braskem a desocupar seu lar, sob o pretexto de riscos à segurança".

A nota também pede uma investigação que identifique os responsáveis pelo incêndio.

"Exigimos uma investigação rigorosa e imparcial por parte das autoridades competentes para identificar os responsáveis por este atentado. Cássio Araújo, como todas as vítimas da Braskem, merece proteção e justiça. Em nome do MUVB, expressamos nossa solidariedade irrestrita ao nosso coordenador e reiteramos nosso compromisso de seguir firmes na luta por reparação plena para todas as vítimas".

Em nota, a União das Associações – um consórcio de entidades - também prestou solidariedade a Cássio diante do episódio.

 "A União das Associações manifesta profundo repúdio pela tentativa de intimidação das vozes que pedem por justiça. São lideranças que exigem a responsabilização efetiva, na Justiça, das empresas autoras de danos ao direito à vida e de violações ambientais. Repudiamos, mais uma vez, as práticas corporativas das empresas brasileiras de não assumirem, de forma honesta e transparente, os erros e delitos que vêm cometendo sucessivamente nas relações com familiares de vítimas, comunidades e meio ambiente".

A União das Associações é composta pela Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM); pela Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão Brumadinho (AVABRUM); pela Comissão de Atingidos da Barragem de Fundão(CABF); pela Movimento Unificado de Vítimas da Braskem (MUVB); e Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) e pela Associação dos Familiares de Vítimas do Incêndio do Ninho do Urubu (AFAVINU).

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