INVESTIGAÇÃO

Polícia detalha como serial killer agia em Maceió e como ele foi descoberto

Albino Santos de Lima agora é o maior serial killer da história do estado, com o total de 10 vítimas
Por Adja Alvorável e Arthur Fontes 18/11/2024 - 18:55

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Arthur Fontes
Informações foram passadas durante coletiva de imprensa
Informações foram passadas durante coletiva de imprensa

A Polícia Civil de Alagoas divulgou em uma coletiva de imprensa ocorrida nesta segunda-feira, 18, detalhes sobre o homem que agora é considerado o maior serial killer da história do estado, com um total de 10 vítimas confirmadas até o momento: Albino Santos de Lima, de 42 anos.

Segundo a Polícia Civil, o criminoso cometeu o primeiro assassinato em outubro de 2023. Dois meses depois, ele praticou quatro homicídios. Depois, fez cinco novas vítimas em janeiro, junho e agosto deste ano. No total, três vítimas eram homens e sete eram mulheres, sendo uma mulher trans.

A investigação da conexão entre todos os crimes teve início após o assassinato da última vítima, a adolescente Ana Beatriz, de 13 anos, perseguida e atingida por disparos de arma de fogo ao sair de uma arena de esportes. Ela chegou a ser socorrida, mas morreu no Hospital Geral do Estado.

"Tivemos dificuldades inciais porque o assassino cometia os crimes num raio de 850 metros, ou seja, em um ambiente que ele conhecia profundamente. Mas, com o passar do tempo, ele foi relaxando a cautela e acabou sendo identificado", explicou o delegado Gilson Rego.

O delegado Gilson Rego explicou que, com a prisão desse homem, as equipes da DHPP conseguiram fazer as conexões com outros assassinatos ocorridos na mesma região e com características semelhantes, como o calibre das munições da arma usada nos homicídios. O modus operandi do assassino revelava um padrão de comportamento nos crimes.

"Após ter acesso às filmagens, nós identificamos um modus operandi. Geralmente, ele saia para "caçar" as vítimas à noite usado roupas escuras, máscaras faciais e boné. isso dificultava [a identificação], as câmeras não tinham muita qualidade. Ele escolhia as vítimas segundo ele próprio, nas redes sociais", detalha o delegado.

Em um novo depoimento, na última semana, na presença do seu advogado, Albino Santos assumiu a autoria de oito dos crimes, e afirmou que matou as vítimas porque elas supostamente estariam envolvidas com organizações criminosas. Mas as investigações nada apontam nessa linha de motivação.

“Nenhuma delas tem envolvimento com facção criminosa. Identificamos 10 vítimas, três delas eram do sexo masculino e sete mulheres, todas com o perfil muito semelhante, morenas, jovens, geralmente de cabelo cacheado, e dentre elas tinha uma mulher trans também com esse mesmo perfil físico”, explicou Gilson Rego.

 “Ele é um predador, um assassino em série, muito frio e calculista”, afirmou o delegado.

Imagens do assassino, capturadas por câmeras de segurança e divulgadas na imprensa local, ajudaram a identificar Albino Santos de Lima, que acabou preso após mandado de prisão expedido pela Justiça. Durante a operação, no dia 17 de setembro deste ano, foram apreendidas uma pistola calibre 380 e um celular. O material apreendido foi analisado pelo Instituto Criminalístico de Alagoas. Os exames de balística constataram que ele utilizou aquela arma para ceifar as vitimas.

“Nele conseguimos extrair várias informações de extrema importância para as investigações. Os registros foram encontrados em duas pastas: Odiada Instagram e Mortes especiais. Fotos e nomes de vítimas de homicídio eram colocados junto de um calendário com a data do fato marcada. Ele também tirava prints de matérias de sites relacionadas aos crimes e chegou a tirar fotos dentro do cemitério e da lápide, provavelmente de uma das vítimas. Havia também registros de homicídios ocorridos entre 2019 e 2020, que devem ser alvos de análise pela Polícia Civil”, explicou o perito criminal José de Farias, responsável pelo exame.

O chefe do Instituto de Criminalística destacou que o exame no celular também identificou pastas com imagens de sobreviventes e de possíveis futuras vítimas do serial killer. Ou seja, o trabalho das polícias Civil e Cientifica não só garantiu a identificação do criminoso, como também evitou novos crimes.

O perfil balístico da arma usada por Albino e que pertencia ao pai dele, um militar da reserva, será armazenado no Banco Nacional de Perfis Balísticos do Ministério da Justiça (BNPB), que permite fazer conexões interestaduais de crimes. Albino Santos permanece preso e já foi indiciado em três inquéritos policiais por crimes de homicídio qualificado.

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