ELEIÇÕES 2022

Arthur Lira vira peça fundamental na campanha de Cunha

Presidente da Câmara reforça anti-calheirismo e atrai Luciano Barbosa
Por Odilon Rios - Especial para o Extra 24/07/2022 - 16:19
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Agência Câmara
Arthur Lira, presidente da Câmara Federal
Arthur Lira, presidente da Câmara Federal

AGraças à ação de Arthur Lira (PP), o prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa (MDB), e o ex-secretário de Segurança Pública (SSP) Alfredo Gaspar de Mendonça foram atraídos para o palanque do senador Rodrigo Cunha (União Brasil).

Padrinho da campanha, o presidente da Câmara é um dos personagens mais importantes do cenário político nacional, não somente pela posição que ocupa, mas também garantindo o arquivamento de pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) e votações a toque de caixa, dificultando ações da oposição, num ambiente hiper favorável ao governo.

Além disso, a derrama de dinheiro do orçamento secreto em prefeituras alagoanas atrai mais e mais adesões ao lirismo.

Por isso, a presença dele é fundamental para o sucesso das articulações de Rodrigo Cunha que é responsável pelo verniz social e o discurso mais próximo do povo, atiçando o anti-calheirismo.

“É com todos vocês que queremos construir um novo modelo de gestão para Alagoas. Um modo de governar voltado para maioria, e não para interesses mesquinhos e unicamente pessoais. Alagoas precisa avançar com mudanças de verdade, e não somente com peças de propaganda e com ações que não foram capazes de reduzir as desigualdades que castigam a maioria de nossa gente”, disse o senador em Delmiro Gouveia, cidade que, segundo a assessoria, recebeu R$ 4 milhões em investimentos no mandato de Cunha.

Arapiraca, de Luciano Barbosa, é o segundo maior colégio eleitoral. Maceió é o maior de todos e também está com Cunha, aliança costurada pelo senador e os entendimentos com o prefeito JHC (PSB).

Alfredo Gaspar de Mendonça é estratégico. Além de candidato a deputado federal, vai ajudar a elaborar o plano da segurança pública do eventual governo de Rodrigo Cunha. Foi o segundo mais votado para prefeito da capital alagoana em 2020 e associado ao sucesso da SSP na diminuição dos homicídios, retirando Alagoas das estatísticas de estado mais violento do país.

Luciano Barbosa e Alfredo Gaspar de Mendonça têm algo em comum: até outro dia estavam no palanque do senador Renan Calheiros (MDB) e do ex-governador Renan Filho (MDB). Mas se consideram traídos nos jogos pesados da política.

Mendonça não foi o escolhido pelos Calheiros para ter apoio político e dinheiro para a campanha a federal. Eles apostam na reeleição do líder do MDB na Câmara Isnaldo Bulhões (MDB). Foi para a oposição. O argumento é que o governador Paulo Dantas (MDB), antes deputado estadual, é apoiado pelo presidente da Assembleia, Marcelo Victor (MDB), e o ex-SSP não fica no mesmo palanque dos deputados.

Em compensação, está no palanque de Rodrigo Cunha, apoiado pelo presidente da Câmara que é réu em ações penais no Supremo Tribunal Federal (STF). Em um dos inquéritos é acusado de receber R$ 106 mil em propina do então presidente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) Francisco Colombo.

Em outros quatro inquéritos que também tramitam no Supremo, Arthur Lira é acusado de corrupção ativa e passiva, crime de formação de quadrilha e crime de lavagem de dinheiro.

Luciano Barbosa era vice-governador quando assistiu à prisão da filha e do marido dela nas investigações da Polícia Federal dentro da Secretaria Estadual de Saúde, na operação Dama da Lâmpada, que detectou desvios de R$ 30 milhões via Sistema Único de Saúde (SUS), dinheiro que deveria ser destinado à aquisição de próteses a amputados.

As desconfianças de Luciano Barbosa pioraram porque o então governador Renan Filho não manifestou solidariedade ao vice e os Calheiros avalizaram aproximação político-eleitoral com o então prefeito de Maceió Rui Palmeira, construindo uma chance para que ele disputasse o governo em 2022 transformando Barbosa num futuro descarte. Todos esses impasses resultaram em uma novela dentro do MDB alagoano para a escolha do candidato à Prefeitura de Arapiraca. Luciano Barbosa tinha como certo seu nome, até que o senador Renan Calheiros, presidente estadual do partido, resolveu intervir. Venceu Luciano Barbosa.

Ainda filiado ao MDB, assim como o filho Daniel Barbosa, que é candidato a federal, Luciano não deve, a princípio, sofrer sanções do presidente da legenda Renan Calheiros. O sentimento é que pai e filho vão apoiar a reeleição de Paulo Dantas no segundo turno. Os palacistas projetam enfrentar o senador Fernando Collor (PTB).

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