TRAGÉDIA EM MACEIÓ

CPI da Braskem: empresa desligou bombas em minas para economizar energia

Relatório do Confea diz que desleixo da empresa causou despressurização que pode ter rachado solo
Por Tamara Albuquerque 18/03/2024 - 15:52
Atualização: 18/03/2024 - 16:24

ACESSIBILIDADE

Agência Senado
Bairro destruído em Maceió em decorrência da mineração da Braskem
Bairro destruído em Maceió em decorrência da mineração da Braskem

Relatório enviado à CPI da Braskem no Senado revela que em dezembro de 2019 a mineradora desligou bombas de pressurização em cavernas de minas inativas - da antiga Salgema -  para economizar energia em períodos de bandeira vermelha, quando a tarifa é mais alta. O relatório foi elaborado pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) e citado na coluna Radar, da Revista Veja, nesta segunda-feira.

Um grupo de trabalho do Confea teria avaliado a ação da Braskem como desleixo e abandono dos poços à época. O desligamento das bombas causou despressurização nas cavernas ou minas e provocou "fluência salina". Ainda segundo o relatório, há "fortes indícios" de que as deformações provocadas pela fluência do sal nos poços inativados sejam responsáveis pelas subsidências e suas consequências, como fraturamento e rachaduras superficiais em Maceió. 

A Veja ouviu o senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL) sobre o fato e ele enfatizou que a acusação de que houve negligência no monitoramento e na manutenção das minas é muito grave.

Dois engenheiros de Alagoas, Zerisson de Oliveira Neto (titular) e Oswaldo de Araújo Costa Filho (suplente), participaram do Grupo de Trabalho do Confea que produziu o relatório. O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea/AL) cedeu suas instalações para as reuniões do GT do Confea e o então presidente da entidade, engenheiro Fenando Dacal, deu suporte ao grupo, esperando que o relatório final fosse disponibilizado aos integrantes do Conselho, ou divulgado na mídia, o que não aconteceu.

No último dia 12 de março, a presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea/AL), Rosa Tenório, disse em entrevista que não tinha conhecimento do relatório e ficou de buscar explicações sobre esse “silêncio criminoso” junto ao Confea.

Cunha vai propor, nesta terça-feira, que a CPI ouça o depoimento dos representantes do Confea, responsáveis pelo laudo.

A CPI da Braskem toma três depoimentos nesta semana. Nesta terça, 19, será ouvido o ex-secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia, Alexandre Vidigal de Oliveira, responsável pela fiscalização e monitoramento das minas de sal-gema em Alagoas. 

No mesmo dia, serão votados novos requerimentos de convocação, entre eles, um do ex-presidente da Braskem, José Carlos Grubisich.

Na quarta-feira (20), falam à CPI o Defensor Público da União, Diego Alves, que atuou na defesa das vítimas da Braskem no Brasil e na Holanda, e o Defensor Público do Estado de Alagoas, Ricardo Meiro, responsável pelos acordos firmados entre a mineradora e os moradores dos cinco bairros esvaziados em Maceió após o afundamento de solo.

Publicidade

Continua após a publicidade


Encontrou algum erro? Entre em contato