POLÍTICA
Pepe Mujica legalizou aborto, casamento LGBT e maconha no Uruguai
Ex-presidente uruguaio morreu aos 89 anos
Morreu nesta terça-feira, 13, aos 89 anos, o ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica, um dos líderes mais emblemáticos da esquerda latino-americana nas últimas décadas. O falecimento foi confirmado por Yamandú Orsi, atual presidente do país e herdeiro político de Mujica.
Durante seu mandato (2010–2015), Mujica protagonizou uma guinada progressista na história do país. Sob sua gestão, o Uruguai se tornou o primeiro país da América do Sul a legalizar o aborto até a 12ª semana de gestação, o primeiro do mundo a regulamentar todas as etapas do mercado da maconha e o segundo da região a aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
As reformas posicionaram o pequeno país no topo da agenda progressista da América Latina e transformaram Mujica em figura de projeção internacional.
Em 2012, a legalização do aborto colocou o Uruguai à frente de nações vizinhas em um tema considerado tabu no continente. No ano seguinte, veio a aprovação do casamento homoafetivo. Já em 2014, com um decreto presidencial, Mujica regulamentou o mercado da maconha — da plantação à venda em farmácias.
Além das medidas de impacto global, seu governo ampliou os gastos sociais e elevou o salário mínimo em 250%. Ele também ficou conhecido pelo estilo de vida austero: morava em um sítio modesto, cultivava hortaliças e dirigia um Fusca 1987 até o trabalho, recusando luxos do cargo.
Antes da política institucional, Mujica integrou a guerrilha Tupamaros nos anos 1960 e passou 14 anos preso sob a ditadura uruguaia, em condições precárias e sob risco constante de execução. Libertado com a anistia de 1985, fundou o Movimento de Participação Popular (MPP), foi deputado, senador, ministro e presidente.
Após deixar a Presidência, voltou ao Senado, mas renunciou em 2020 por motivos de saúde. Em 2024, revelou que enfrentava um câncer no esôfago e agravamento de uma doença autoimune.