brasília
Renan Calheiros se afasta da CPMI do INSS e enfraquece base governista
Senador afirma que nunca integrou oficialmente a comissão
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) confirmou que não fará parte da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, criada para investigar fraudes bilionárias em aposentadorias e pensões. A decisão representa uma baixa para a base governista, que contava com sua presença para reforçar a articulação política no colegiado.
“Não saí porque nunca entrei. Avisei ao líder Eduardo Braga antes de começar”, disse Renan em entrevista à CNN, rebatendo a versão de que teria desistido após já estar oficialmente escalado.
O senador Omar Aziz, que presidiu a CPI da Covid, chegou a ser cogitado para liderar a CPMI do INSS, mas acabou preterido, assim como Otto Alencar (PSD-BA), outro aliado experiente. Entre os integrantes mais conhecidos da antiga CPI da Covid, apenas Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, permanece.
A disputa interna entre governistas também se manifestou durante a eleição da mesa diretora, com Aziz acusando Randolfe de atrasos e falhas na contagem de votos, o que teria favorecido a vitória da oposição.
Renan justificou sua ausência afirmando que não cabe transformar a investigação em mais um palco de embate político. “Os escândalos no INSS atravessaram governos. Foram debatidos na atual gestão, que descobriu a fraude, demitiu dirigentes e pagou as vítimas. Pelos ares políticos, não devo participar da comissão como fiz na CPI da Covid”, escreveu em sua conta na rede social X (antigo Twitter).
A CPMI foi criada para apurar descontos ilegais feitos por entidades associativas em benefícios de aposentados e pensionistas, prática revelada após operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) em abril deste ano. Com poderes de investigação, a comissão já acumula centenas de requerimentos de convocação e deve se debruçar sobre casos que atravessam diferentes governos.
Com a ausência de Renan e a fragilidade da base aliada, cresce a expectativa de que a oposição amplie seu espaço político nos trabalhos da CPMI, que tem prazo inicial de 180 dias, prorrogáveis até março de 2026, para apresentar suas conclusões.