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CPI tenta ganhar tração convocando banqueiros e mira filho de Lula
Sob relatoria de Alfredo Gaspar, comissão insiste em envolver Fábio Luiz nas investigações
A CPI do INSS tenta reorganizar seus trabalhos mirando banqueiros de grandes instituições financeiras, ao mesmo tempo em que mantém sob pressão um dos filhos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A comissão, instalada para investigar descontos irregulares em benefícios previdenciários, que conta com a relatoria do deputado fedeal Alfredo Gaspar (União-AL) aposta em novas convocações para ganhar força na retomada das atividades em 2026.
Na última reunião do ano, o colegiado aprovou a convocação de Daniel Vorcaro, dono do banco Master, além da quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático do empresário. Vorcaro tornou-se figura nacional após investigações da Polícia Federal sobre supostas irregularidades em operações de crédito, chegando a passar 11 dias preso. A CPI também convocou dirigentes dos bancos Daycoval, Pan, BMG, Agibank e Facta Financeira para esclarecer reclamações de consumidores envolvendo empréstimos consignados.
O presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), afirmou que a CPI fará uma avaliação dos trabalhos em fevereiro, no retorno das atividades legislativas. Segundo ele, a continuidade das oitivas sobre entidades suspeitas ou o aprofundamento da investigação sobre bancos dependerá dos elementos já reunidos. “O principal deles é o Master. O segundo, o BMG, que é o mais antigo e naturalmente o que mais fez contratos”, disse Viana.
A CPI foi instalada em agosto e tem prazo até 28 de março de 2026. Desde então, enfrentou uma divisão política interna. A cúpula da comissão foi escolhida pela oposição, surpreendendo o governo, mas aliados de Lula reorganizaram forças e passaram a vencer votações.
Apesar da resistência governista, a oposição tenta vincular o escândalo dos descontos irregulares à imagem do presidente. Nomes de familiares de Lula têm sido sistematicamente citados, e o colegiado já discutiu a convocação de José Ferreira da Silva, o Frei Chico — barrada pela base do governo. Mais recentemente, opositores tentaram aprovar a convocação de Fábio Luiz Lula da Silva, o Lulinha, mas também foram derrotados.
Integrantes da oposição, no entanto, afirmam não ter desistido de levar Lulinha à CPI. Horas antes da votação, animaram-se com reportagem em que uma testemunha alegava que o filho do presidente teria recebido mesada de Antonio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, um dos principais investigados no caso. Apostam que investigações paralelas da Polícia Federal possam oferecer brechas para uma nova tentativa.
Aliados de Lula reagiram ao que consideram uma manobra política. “O que vimos foi a tentativa de criar um factoide. Nenhum documento foi apresentado porque não existe nenhum documento”, disse o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), coordenador da bancada governista. Já a deputada Adriana Ventura (Novo-SP) criticou o recuo da convocação: “Lulinha está envolvido até o pescoço nessa CPI. É por isso que estão tentando blindar a vinda dele aqui”.
Enquanto a pressão política cresce, a CPI tentará transformar a nova rodada de depoimentos de banqueiros em combustível para reacender o debate público sobre irregularidades nos consignados e consolidar protagonismo em ano eleitoral.



