Jornalista de automóveis desde 1967. Edita coluna semanal que leva seu nome desde 1999 em 70 sites, jornais e revistas. Diretor de redação revista Top Carros.

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Programa Combustível do Futuro ainda tem falhas e otimismo algo exagerado

19/10/2024 - 06:00

ACESSIBILIDADE


Planejado ao longo de 20 anos, com várias idas e vindas para acomodar automóveis a aviões, apresenta o grande mérito de reconhecer a transição energética planejada de forma inteligente e adaptável. Países de área continental como o Brasil e dezenas de outros com restrições econômicas, que dificultam avanço acelerado de veículos elétricos, precisam, obviamente, de uma visão abrangente e viável.

O otimista Programa Combustível de Futuro (PCF), sancionado em 8 de outubro último, prevê investimentos de R$ 260 bilhões (talvez mais) e datas de implantação factíveis, ao contrário da União Europeia e suas discutíveis metas distanciadas da realidade. Esta coluna foca-se em automóveis e apoia o aumento do percentual de etanol na gasolina de 27% para 30%, considerado viável tecnicamente. A permissão para 35% mesmo para carros mais novos, no entanto, parece-me um erro.

Além de restrições técnicas conhecidas, seria injusto desconsiderar veículos de países vizinhos que hoje trafegam e abastecem no Brasil sem grandes problemas. Já motocicletas, geradores portáteis de eletricidade, motores de popa e até motosserras devem funcionar mal com 35%. Haveria dificuldades mesmo com automóveis recentes, nacionais e importados. A Câmara dos Deputados falhou ao admitir a possibilidade na aprovação do PCF, pura perda de tempo.

Etanol é reconhecido como combustível limpo e capaz de compensar 80% das emissões de CO2 no ciclo da fonte à roda, se usado isoladamente. O que poucos sabem: a soma de anidro em mistura atual de 27% com a gasolina e mais os motoristas que abastecem só com o hidratado por preferência ou preço atraente representa agora 42% de combustível limpo contra 58% de gasolina. Em outros poucos países, só há 10% de etanol. Para aumentar o consumo aqui, o imposto teria de diminuir.

Neste cenário, a Raízen acaba de lançar a segunda geração do aditivo para etanol Shell V-Power. Além de limpar vapores de óleo do cárter solidificados nas sedes de válvulas, evoluiu o filme de redução de atrito de 86% para 90%. Senna Brands, fundada pelo piloto de F-1 há 34 anos e falecido 30 anos atrás em Ímola, participa da campanha de lançamento.

Salão de Paris alcança objetivos, mas sem grande entusiasmo


A exposição bienal na capital francesa completou 90 anos e segue até o próximo dia 20. Sem a exuberância do passado, atrai pouco mais de 30 fabricantes, inclusive nove chinesas. O salão bienal agora é o maior da Europa pelo fim da exposição em Genebra e encolhimento de Frankfurt, substituído por Munique.

Predominância natural de marcas francesas, com a Renault apresentando novidades de peso: o 4 E-Tech, releitura elétrica em forma de crossover de um de seus sucessos do passado, além de dois protótipos elétricos Twingo E-Tech, previsto para 2026, e Emblème, um SUV cupê para 2030 que trocará bateria por pilha a hidrogênio.

Stellantis, embora talvez encerre algumas de suas 14 marcas em 2026/27, mostra muita força em Paris. Peugeot concentra-se em estender o alcance de seus elétricos 3008 e 5008 para teóricos 700 km e apresentou o e-408, cujo alcance é de 450 km. Citroën C5 Aircross só chega em 2026, contudo se apresenta sem disfarces com motor de combustão interna.

Entre as alemãs, Mercedes-Benz abriu mão de Paris e deixa o protagonismo para BMW e Audi. BMW exibe os primeiros dois modelos de elétricos com carrocerias específicas e batizados de Nova Classe. Seu presidente, Oliver Zipse, declarou à agência Reuters a necessidade de correção da meta de 100% de elétricos para 2035, importante para redução de CO2, porém permitiria que fabricantes europeus dependessem menos da China para as baterias. A marca aposta em híbridos plugáveis e no hidrogênio tanto para motores convencionais quanto tração 100% elétrica.

Audi exibe seu novo carro-chefe elétrico, Q6 E-tron Sportback. VW, Skoda e Audi estão representadas por importadores franceses, sem presença oficial do grupo alemão. Alvo de críticas, Tesla tem um estande desorganizado e nem ao menos um tapete para separar os modelos. Destaque das chinesas é o sedã BYD Sealion 7, SUV cupê elétrico que visa Tesla Model Y entre outros concorrentes.

Nivus 2025 chegará mais equipado e inclui mudanças no estilo


Será fácil reconhecer, mesmo de longe, o anomodelo 2025 do compacto SUV cupê. As diferenças externas estão evidentes desde a nova grade, de dimensões avantajadas, contudo proporcionais, aos faróis estreitados. De perfil, só rodas de 16 e 17 pol. mudam. Atrás, segue a fórmula de lanternas interligadas por barra iluminada de LEDs, além do novo para-choque com extrator estilizado.

No interior, a VW procurou um acabamento apurado, a exemplo de material agradável aos olhos e ao tato. Evoluiu a central multimídia, agora com internet a bordo na versão de topo Highline, mantida a tela de 10,1 pol. Para a versão de topo, o pacote de segurança inclui controle adaptativo de velocidade, além do indispensável alerta de colisão agregado à frenagem automática. Há ainda assistentes de ponto cego, saída de vagas, estacionamento e manutenção na faixa de rodagem.

Mantido o motor 1-L turbo flex, 128 cv (E)/116 cv (G), 20,4 kgf·m (E)/(G) com câmbio automático de seis marchas. O consumo será anunciado só em janeiro de 2025, quando ocorrerão as primeiras entregas. Veio também a esperada confirmação do GTS, que agrega imagem forte ao modelo, apesar do preço alto não anunciado, provavelmente no segundo trimestre. O motor é o conhecido turbo flex 1,4-L, 150 cv/25,5 kgf·m de torque, etanol ou gasolina.

Pré-vendas já iniciadas para entregas somente em janeiro de 2025: R$ 136.990 e R$ 153.990.

Q8: boa presença com desempenho à altura do preço


É o maior e mais pesado (2.340 kg) entre todos os modelos da Audi. Imponência aparece logo nos quase 5 metros de comprimento (4.992 mm), largura (1.995 mm), entre-eixos (2.998 mm) e altura (1.697 mm). Um dos poucos com rodas de 23 pol., hoje maior diâmetro disponível no mercado e já a caminho para 24 pol. Porta-malas de 605 L impressiona. Para garantir viagens sem muitas escalas para abastecer, dispõe de 85 litros no tanque. O SUV recebeu novos para-choques dianteiro e traseiro, grade e opção de faróis Matrix por R$ 26.000.

No interior, acabamento e materiais são refinados com couro de alta qualidade e grande superfície do painel em preto brilhante. Os dois bancos dianteiros têm comandos elétricos, o do motorista com memória. Há duas telas no centro do painel: ajuste do ar-condicionado e multimídia de 10,1 pol., mas esta deveria ser um pouco maior (pelo menos 12 pol.) para o nível do modelo. Atrás, além do amplo espaço para três passageiros, há saídas de ar-condicionado no console e nas colunas centrais.

O motor é um 3-litros V-6, 340 cv e 51 kgf·m, capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 5,6 s, apenas 0,1 s inferior ao BMW X6. Trata-se de híbrido básico com bateria de 48 V para um pequeno motor elétrico. Na viagem de avaliação, São Paulo a São Roque (SP), destaque para a rapidez das trocas de marchas do câmbio automatizado de sete marchas e duas embreagens. Destacam-se o eixo traseiro direcional e as suspensões pneumáticas que permitem ajustar altura de rodagem entre 40 mm para baixo e 50 mm para cima.

Preço: R$ 774.990.

Elétrico Equinox é caro, contudo bem completo


Fácil explicar preços tão elevados dos modelos elétricos importados. Na origem, também são altos e aqui exige montar infraestrutura específica nas poucas concessionárias. Sem contar que, apesar do imposto de importação menor (até 2026), a taxação interna continua bem maior aqui. A desvalorização do real entra nessa conta. Nem mesmo a origem mexicana resolve porque este elétrico deixa de atingir índice de localização exigido no Mercosul. Por isso, os R$ 419.000 deram “choque” no lançamento, mas é 12% menor que o Blazer EV. A GM importará, ainda este ano, o Equinox a gasolina, segundo a revista Autoesporte.

O SUV tem estilo bem moderno e destaca-se pela sua frente limpa com elegante filete de LED de um para-lama a outro e um impressionante pacote de recursos. A traseira segue o mesmo conceito com as lanternas interligadas, avançando sobre as laterais. Rodas igualmente bonitas. O porta-malas de 441 litros tem tampa aberta por aproxima

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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