Memórias à Beira-Mar, no Sítio Belo dos Milagres, São Miguel dos Milagres
À sombra dos coqueiros e embalado pela brisa mansa do mar de São Miguel dos Milagres, o Sítio Belo dos Milagres é, ao longo dos anos, mais que um refúgio: é um ponto de encontro da amizade verdadeira, da inteligência compartilhada e da memória afetiva que resiste ao tempo.
Entre os nomes que jamais se apagam da lembrança, está o querido e brilhante jornalista Sebastião Nery, que celebrou conosco quinze réveillons, sempre acompanhado de sua amável esposa Bia. Hoje, ambos descansam na eternidade, mas continuam vivos no vento que passa pela varanda, nas histórias que contávamos sob o céu estrelado, e no silêncio eloquente do mar.
Recebi, com o mesmo carinho, o extraordinário escritor Carlito Lima, um contador de histórias único, cuja literatura mordaz e sensível — como no livro “Almoçando com o Nery na casa do Moreira” — se tornou parte das nossas conversas à beira-mar, fazendo-nos rir, pensar e admirar. Carlito é uma dessas presenças que transformam a conversa em arte e a amizade em poesia.
O sítio também é abençoado com as visitas do sempre ponderado, afetuoso e sábio Renildo Calheiros, cuja experiência pública e retidão de caráter enriqueceram nossos encontros com profundidade e respeito; do competente e discreto Juiz Federal André Granja, cuja serenidade sempre acrescentou sabedoria às nossas rodas de prosa; e do respeitado Desembargador Estácio de Lima, então Presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, trazendo consigo a altivez de quem serve com honra.
Com alegria no coração, recebi meu primo querido, Carlos Alberto Canuto, e seu filho, o talentoso Desembargador Federal Rubens Canuto, ao lado de sua encantadora família — presenças que trouxeram leveza, afeto e risos às manhãs ensolaradas.
Recordo também, com emoção e saudade, o amigo de espírito nobre Guilherme Palmeira, e o inesquecível jornalista Canetinha, cuja inteligência crítica e coração generoso ainda vivem nas memórias que o sítio preserva com ternura.
Tive ainda o privilégio de receber o competente e querido amigo Desembargador Kleber Loureiro, que passou conosco um Natal inesquecível ao lado de toda a sua família — um tempo de afeto, espiritualidade, verdadeira comunhão e encontros sinceros à beira do mar.
Entre os tantos nomes marcantes, guardo com carinho a presença constante e amiga do jornalista e proprietário do Jornal Extra de Alagoas, Fernando Araújo, cuja lucidez jornalística e lealdade pessoal sempre foram motivo de orgulho. Também tivemos a honra de receber o amigo Euclydes Mello, ex-deputado por São Paulo, cuja experiência pública e postura íntegra enriqueceram nossos encontros com conteúdo e sobriedade.
E como não recordar com reverência a visita do brilhante escritor Ledo Ivo, cuja palavra era música e cuja presença foi poesia viva? Sua passagem pelo sítio foi breve como um sopro, mas intensa como sua literatura — deixando no ar a marca de quem pertencia às coisas eternas.
Sinto ainda a alegria de ter recebido o querido amigo Conselheiro do Tribunal de Contas do Amazonas, Mário Mello, e sua esposa, a digníssima Juíza Elza Vitória de Mello, cujas presenças agregaram ao sítio o brilho e a sabedoria de quem vive o compromisso com a justiça e o bem comum.
Com imensa saudade, recordo também o querido e saudoso amigo Desembargador Orlando Manso e sua família, cuja presença marcante e afetuosa deixou uma marca indelével neste lugar de paz e encontros. Embora já não esteja mais entre nós, o legado de amizade e dignidade permanece vivo no coração, na família, no sítio e em todos que o conheceram.
Tive ainda a alegria de receber o querido Leonardo Simões e sua esposa Mônica, com quem compartilhamos conversas saborosas, sempre regadas ao bom vinho e à leveza de quem sabe cultivar amizades com elegância e afeto — companhia serena e sempre bem-vinda.
Assim como o respeitado e histórico cientista político Joinha, cuja presença nos brindou com análises lúcidas, histórias ricas e uma visão arguta da vida pública — um verdadeiro mestre da convivência, do pensamento e da sabedoria discreta — sempre acompanhado de sua dedicada esposa, a vocacionada médica Dra. Maria José, mulher de sensibilidade e serviço, que trouxe ao nosso convívio uma aura de cuidado e serenidade.
Com grande honra, recebemos também o representante máximo do Ministério Público de Alagoas, o admirado Dr. Luiz Carnaúba, cuja postura firme e ética sempre inspiraram respeito e confiança. E com afeto especial recebi, com alegria e orgulho, meu primo e amigo Luiz Moreira, figura admirável no universo acadêmico e jurídico do Brasil. Diretor da respeitada Faculdade de Direito de Contagem e do tradicional Colégio Guidon, Dr. Luiz traz consigo uma trajetória que honra o saber e a ética. Formado em Direito pela Universidade Federal do Ceará, é Mestre em Filosofia e Doutor em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) — um pensador refinado, cuja atuação como Conselheiro do Ministério Público Federal consolidou ainda mais sua autoridade intelectual e compromisso com o bem público. Sua presença no Sítio Belo dos Milagres agregou não apenas prestígio, mas também afeto genuíno e uma convivência fraterna que enriqueceu nossos encontros. Foram dias de conversa inteligente, convivência generosa e memórias que se eternizaram à beira-mar.
Registro com carinho especial a primeira visita que recebi no sítio, a do querido amigo e vizinho Dr. Amaro Geraldo, cuja presença generosa inaugurou, com simplicidade e afeto, o espírito de acolhimento que sempre quis cultivar neste lugar. O sítio, desde então, passou a abrigar não apenas presenças queridas, mas memórias que nela se enraizaram como as raízes dos coqueiros que nos cercam.
Com emoção particular, faço também um registro de eterna gratidão e saudade ao querido José Sebastião Bastos — o inesquecível “Bastinho” — que me viu nascer e acompanhou com lealdade e carinho silencioso cada passo da minha trajetória. Já não está entre nós, mas permanece vivo em minha memória como um guardião discreto da minha história. Sua amizade fiel, seu afeto generoso e sua presença firme deixaram marcas profundas, que o tempo não apaga. No Sítio Belo dos Milagres, onde tantas lembranças se entrelaçam ao som das ondas e ao sussurro dos coqueiros, sua lembrança habita com serenidade — como quem nunca partiu de fato.
Por fim, reconheço, com o coração cheio de gratidão, que muitos amigos queridos ficaram sem citação neste artigo — não por esquecimento, mas pela vastidão das memórias vividas e pela impossibilidade de contê-las todas em palavras. Cada um, em sua maneira única, contribuiu para fazer do Sítio Belo dos Milagres um espaço de afeto, convivência e significado. A todos que por aqui passaram e deixaram um pouco de si, meu mais sincero agradecimento. As lembranças estão guardadas — não apenas nas linhas escritas, mas sobretudo no coração e nas paredes silenciosas deste lugar tão especial.
O Sítio Belo dos Milagres é, em cada uma dessas ocasiões, mais que cenário: é personagem. E hoje, ele guarda em suas paredes e paisagens as vozes, os risos, os silêncios e os abraços que um dia o habitaram. A brisa que sopra do mar ainda carrega essas memórias — e em cada amanhecer, o tempo sussurra que tudo isso, de algum modo, continua vivo.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA