Morte do jornalista Tobias Granja está prestes de completar 40 anos

Em junho próximo fará 40 anos de um assassinato que chocou o Brasil e projetou Alagoas como estado sem lei, governado por políticos omissos que apoiavam a violência e até incentivavam a matança praticada por “coronéis” e outros poderosos da época. Em 15 de junho de 1982 o jornalista e advogado Tobias Granja foi morto por pistoleiros a serviço dos Calheiros.
A execução foi o ápice da história criminosa dos irmãos Cavalcante Lins que infernizaram Alagoas, afrontaram as leis e o poder público e tiveram um fim trágico depois de muitas vidas ceifadas, pessoas humilhadas e famílias enlutadas. É disso que trata o livro “Tempos de Violência”, recém lançado pela Victória Editora e um relato da barbárie praticada pelo ramo violento da família Calheiros em Alagoas.
De autoria do escritor Jaime Costa Braz, a obra romanceada faz um relato preciso dos fatos que marcaram a vida degenerada dos irmãos Ernesto, Paulo e Pedro, e outros Cavalcanti Lins, que fizeram fama de valentões usando o sobrenome Calheiros. Alguns deles nem eram parentes, mas se apresentavam como “Calheiros” em busca de notoriedade e proveito pessoal.
Na condição de oficial da PM, o autor vivenciou esse tempo de violência e conviveu com muitos dos envolvidos numa guerra sem heróis, que só acabou pela reação destemida de um militar da PM que passou para a história como Cabo Henrique. Tobias Granja foi abatido no início de sua promissora carreira de advogado criminalista justamente por defender o militar, cuja família foi massacrada por Ernesto Calheiros e seu bando.
O novo livro de Jaime Costa vai além dos fatos para responsabilizar governadores, comandantes da PM e secretários de Segurança da época, uns por omissão e outros até por incentivo ao crime e à violência. Quarenta anos depois, os “coronéis”, saíram de cena, mas os crimes de pistolagem persistem graças à impunidade que ainda reina em Alagoas.