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Caso Braskem: ninguém assume responsabilidade pela tragédia

Por 16/12/2023 - 07:34

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Itawi Albuquerque/Secom Maceió
Rompimento da mina 18 da Braskem foi registrado às 13h15 do domingo
Rompimento da mina 18 da Braskem foi registrado às 13h15 do domingo

Após cinco anos da tragédia ambiental provocada pela extração de sal-gema em Maceió, nenhum órgão de fiscalização assumiu qualquer responsabilidade pelo desastre. IMA, Ibama, ANM, CPRM, Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Defensoria Pública Federal, Defensoria Pública Estadual e outros órgãos públicos simplesmente fizeram ouvidos de mercador aos alertas de riscos da mineração no subsolo argiloso de Maceió ao longo de décadas.

A tragédia aconteceu e, de novo, ninguém quer se envolver nos processos judiciais que tratam da responsabilização dos culpados. Por alguma razão ainda desconhecida – oficialmente – juízes, promotores, desembargadores e outras autoridades do sistema judiciário tentam fugir do problema passando-o à frente, criando conflitos de jurisdição. Ninguém quer encarar a Braskem, poderosa multinacional que fatura RS 100 bilhões por ano. 

Enquanto as autoridades batiam cabeça discutindo o sexo dos anjos, o jurista Richard Manso ajuizou em 2019 uma ação popular contra a Braskem junto à 14ª Vara Cível da Capital. Ao analisar o caso, o juiz indeferiu o pedido alegando ser incompetente para julgar a ação e remeteu o processo para a Justiça Federal em Alagoas, que também se julgou incompetente e despachou o processo para o Tribunal Regional Federal em Recife. 

Quatro anos depois, o TRF5 decidiu que todos os processos contra a Braskem são da competência da Justiça Estadual através da Vara da Fazenda Pública. Com essa decisão, a confusão aumentou ainda mais, visto que a mesma Justiça Federal que se julgou incompetente para julgar a ação popular concedeu várias liminares e outras medidas envolvendo a Braskem. 

Resumo da ópera: após a publicação do acórdão, o Tribunal Regional Federal deverá devolver o processo à origem, ou seja, à 14ª Vara Cível da Capital. Enquanto isso, Maceió corre o risco de afundar nas crateras deixadas pela exploração do sal-gema e milhares de famílias esperam pela reparação de seus direitos.


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