Dilemas de Dantas e JHC

Por motivos diferentes, Paulo Dantas e JHC precisam de mandato parlamentar a partir de 2027. O governador para manter o foro privilegiado e escapar de possíveis processos judiciais na primeira instância e, o prefeito, para não passar dois anos no ostracismo se permanecer no cargo até final de seu mandato.
O governador tem reafirmado que ficará no cargo até o último dia de seu mandato, mas nem os seus aliados acreditam nessa hipótese. O mais provável é Paulo Dantas disputar uma vaga de deputado federal ou na Assembleia Legislativa.
O prefeito garante que seu destino é o Palácio dos Martírios e está em campanha para enfrentar a provável candidatura de Renan Filho ao governo. JHC, no entanto, deve disputar o Senado, com chances de ocupar o lugar da mãe, a senadora Dra. Eudócia, que assumiu a vaga de Rodrigo Cunha.
Antes de qualquer decisão, ambos têm barreiras a ultrapassar para evitar acidentes de percurso e o fim precoce de suas carreiras políticas. O “calcanhar de Aquiles” de Dantas é seu vice Ronaldo Lessa, e a dúvida atroz do prefeito é ter que decidir entre disputar o governo ou o Senado.
Sem fechar um acordo com seu vice, Paulo Dantas dificilmente deixará o cargo para participar das eleições; ficará sem mandato e exposto a possíveis processos judiciais. Lessa disse publicamente que não tem mais idade para tocar um projeto político próprio, e seguirá as diretrizes de seu atual grupo político.
O problema é que Paulo Dantas, Marcelo Victor e Renan Calheiros não confiam em Lessa para comandar o processo sucessório do próximo ano. Mais que isso: o sucesso do projeto de poder do MDB depende da fidelidade do vice na condição de coordenador do processo sucessório, mas razões históricas respaldam a precaução do grupo palaciano.
Com desconfiança de parte a parte, a única saída que atende aos interesses comuns é a renúncia negociada de Lessa. Mas, como todo negócio, esse tem seu preço e não deve sair barato para o MDB livrar-se do vice-governador.
Nos bastidores fala-se na possibilidade de Ronaldo Lessa disputar uma vaga de deputado estadual com o apoio de seu atual grupo político. Afinal é a última chance de Lessa no poder; ele pode sair de lá com um mandato ou ficar no cargo até o fim da gestão e encerrar sua longeva carreira política.
Menos complicado é o dilema de JHC, que terá de decidir entre o Palácio dos Martírios e o Senado Federal. O prefeito tem cacife eleitoral para qualquer das disputas majoritárias, mas o maior desafio é a corrida ao governo, pois uma possível derrota significaria o fim precoce de sua promissora carreira política. Por isso, o mais sensato é JHC disputar o Senado em 2026 e se preparar para concorrer a governador em 2030.