Marcelo Victor afina estratégia para assumir o poder em Alagoas até 2030

Após superar a fase de engolir sapos, o deputado Marcelo Victor se especializa agora na arte de cozinhar o sapo em fogo baixo, e assim vai consolidando sua posição de liderança política em Alagoas. Abrigado no MDB, o presidente da Assembleia prepara o terreno para alçar voos mais altos em 2030, quando pretende assumir as rédeas da sucessão estadual, missão que hoje divide com os Calheiros. 

Seu maior desafio foi costurar o acordo de 2022 que garantiu a eleição de Renan Filho ao Senado, a reeleição do senador Renan Calheiros e a recondução do governador Paulo Dantas, aliado de primeira hora. Pelo acordo, o clã de Murici passará o bastão para Marcelo Victor em 2030, mas permanecerá aliado ao poder sob nova direção. Até lá, o deputado vai cozinhando em fogo lento os sapos que não puder engolir vivos. 

Renan Filho não morre de amores por Marcelo Victor, e vice versa, mas os interesses políticos falam mais alto; e a cada eleição terão de superar obstáculos para consolidar seus projetos de poder. Renan Filho tem ambições de ser vice-presidente na chapa de Lula, mas Marcelo Victor cobra dele o compromisso de disputar o Governo de Alagoas em 2026. 4

Da mesma forma, Paulo Dantas foi reeleito governador com o compromisso de ficar no cargo até o fim do mandato. Sua permanência no governo faz parte da estratégia montada em 2022, mas Dantas pode renunciar desde que haja um acordo para o vicegovernador Ronaldo Lessa também deixar o cargo. 

Aos 76 anos e com problemas de saúde, Lessa tem dado sinais de que pode pendurar as chuteiras, mas seus aliados e o PDT acham que ele deve continuar no cargo e concorrer ao governo em 2026. De sua decisão dependerá o destino de Paulo Dantas, que pretende participar das eleições do próximo ano. 

Com forte atuação de bastidores, Marcelo Victor, nas raras entrevistas concedidas até hoje, tem instado Renan Filho e Paulo Dantas a cumprirem a palavra empenhada em 2022. Louvado por honrar compromissos assumidos, o presidente da Assembleia Legislativa não aceita quebra de contrato de seus aliados.