ELEIÇÕES
Paulão pode virar alvo de aliança Lira/Renan em 2026
Petista quer aproveitar os votos de protesto contra caciques da política
Não é de agora que o deputado federal Paulão (PT-AL) confirma sua candidatura ao Senado em 2026. A decisão, no entanto, tem atraído a atenção dos influentes políticos alagoanos Arthur Lira e Renan Calheiros. A avaliação é compartilhada tanto por petistas quanto por não petistas, que afirmam que o nome do PT em Alagoas parece estar mirando mais alto, fugindo da competição intensa por uma vaga na Câmara dos Deputados, onde o dinheiro e a máquina política dominam.
A decisão de Paulão de concorrer ao Senado surge em um momento de crescente desgaste entre os atuais poderosos da política local. Arthur Lira e Renan Calheiros enfrentam uma crescente insatisfação dos eleitores, o primeiro com as pautas bombas na Câmara dos Deputados e Calheiros sendo forçado a “sumir” das redes sociais para preservar Rafael Brito na disputa pela Prefeitura de Maceió, o que pode tornar a disputa majoritária em 2026 ainda mais desafiadora.
Os desafios enfrentados por Paulão em disputas anteriores, marcadas por enfrentamentos contra candidatos com maior poder financeiro, reforçam sua estratégia. A corrida por uma vaga no Senado, onde o voto espontâneo tem mais peso do que na eleição proporcional, pode ser sua chance de realizar um “voo mais alto”. As alianças que ele precisou formar nas últimas eleições destacam a dificuldade de competir contra a “turma da grana”.
Em entrevista à imprensa ainda em março, na qual mais uma vez reafirmou sua candidatura ao cargo ele, no entanto, explicou que não tem medo de ficar sem mandato, caso a estratégia seja concluída com um tiro no pé. “Em 2026, haverá duas vagas em disputa e o PT terá Lula de novo candidato a presidente da República. É uma oportunidade para consolidar essa proposta da esquerda, situação que não acontecerá em 2030, até porque só haverá uma vaga ao Senado”, explica Paulão.
A possibilidade de insucesso não preocupa o parlamentar petista: “O pior que pode me acontecer é ficar sem mandato. O que não é problema, porque terei tempo de me dedicar mais à família, principalmente aos netos. Não tenho fortuna nem patrimônio, mas tenho como sobreviver dignamente”.
As pesquisas indicam que tanto Lira quanto Calheiros estão experimentando uma erosão no apoio popular. Mesmo com a vitória de Renan Filho para Davi Davino em Maceió em 2022, os números continuam a preocupar as lideranças do MDB, que agora veem em Paulão e outros possíveis candidatos, como Alfredo Gaspar e Davi Davino, uma ameaça crescente.
A estratégia de Paulão também leva em consideração a possibilidade de captar votos de protesto, especialmente em um cenário onde muitos candidatos competem, diluindo os votos de rejeição. Neste contexto, a fragmentação do voto pode ser benéfica para o petista, tornando-o um adversário potencialmente forte.
Além de Lira e Calheiros, o senador Rodrigo Cunha também surge como uma ameaça que precisa ser neutralizada pelos líderes alagoanos. A entrada de Cunha na corrida eleitoral poderia dispersar ainda mais os votos, complicando as chances dos políticos tradicionais de manterem suas posições. Sem mencionar JHC, que ainda guarda segredo do que tentará em 2026.