ELEIÇÕES
Rony Camelinho, o ‘sheik’ que quer ser prefeito de Maceió
Dromedário, túnica e um partido para chamar de seu contra o antigo chefe
Um dromedário desfilando pela orla de Maceió, acompanhado por um “sheik” árabe que não declarou nenhum bem à Justiça Eleitoral e belas modelos dançando ao som de músicas tradicionais do Oriente Médio tornou-se uma cena inusitada para os maceioenses em 2022, mas que deve se repetir em 2024. Rony Camelinho voltou, desta vez como candidato a prefeito e com a mesma estratégia pitoresca que o tornou famoso em sua tentativa anterior de entrar na política.
Natural de Ibateguara, Camelinho se destacou em 2022 por sua campanha peculiar à Câmara dos Deputados, onde, embora não tenha obtido sucesso nas urnas, chamou atenção pela articulação política e arrecadação expressiva. Sua candidatura à câmara federal, impulsionada por uma doação partidária de R$ 200 mil do PSB, não foi suficiente para garantir uma cadeira, alcançando apenas 544 votos, o que representa 0,03% do eleitorado.
Apesar da derrota, Camelinho não desistiu da política e, agora em 2024, decidiu concorrer ao cargo de prefeito de Maceió. Para isso, assumiu o controle do partido Agir, anteriormente conhecido como PTC, que agora serve como base para sua nova investida eleitoral e pode chamá-lo literalmente de seu. Curiosamente, a convenção municipal do partido, que não firmou aliança com nenhum outro e que homologou sua candidatura no dia 5 de agosto, contou com a assinatura de apenas sete membros, muitos dos quais familiares do próprio candidato e de seu vice, Pedro da Silva Donato.
Ronivaldo Lourenço Da Silva vai disputar a prefeitura contra seu antigo chefe, visto que ele é ex-assessor do atual prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (JHC). Camelinho, fiel aliado político da família Caldas, atuou como diretor técnico da Diretoria Geral de Gestão Interna na Agência de Regulação e Fiscalização de Serviços Públicos de Maceió (Arser). Até junho de 2024, ele ocupava um cargo comissionado, onde recebia um salário bruto de R$ 7.310,00, incluindo benefícios de R$ 3.010,00.
Em 2023, Ronivaldo esteve lotado na antiga Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT), hoje DMTT, em cargo comissionado com vencimentos que variaram entre R$ 3.400 e R$ 5.100. Em 2023, Camelinho foi promovido e, transferido para a Arser, passou a receber R$ 7.310.
Camelinho entra na disputa municipal com um plano de governo enxuto, composto por apenas três páginas e 58 compromissos divididos em sete pilares. Dentre as propostas, destaca-se a construção de um estádio municipal de futebol e o aumento do policiamento em Maceió. Em tom de continuidade, o candidato também promete manter algumas das ações já implementadas pela atual gestão de JHC (PL), como os programas de urbanização da orla e pavimentação asfáltica.
No entanto, a candidatura de Rony Camelinho vai além das propostas tradicionais. Ele se apresenta como uma figura que representa o protesto contra a ostentação de políticos, vestindo-se como um sheik árabe em alusão àqueles que, segundo ele, exibem riqueza após serem eleitos. Portador de deficiência física, Camelinho levanta a bandeira da inclusão social, propondo a criação de um centro de reabilitação para pessoas com síndromes mentais e físicas, bem como a construção de um parque aquático adaptado.
Em suas redes sociais, Camelinho se mostra confiante e promete surpreender nas eleições. Em uma de suas declarações, ele afirma que será o candidato a disputar o segundo turno com o atual prefeito. “Nem Lobão, nem Tio Rafa. Quem vai para o segundo turno com JHC sou eu, Rony Camelinho. Estou de volta. Aguardem que vem muito mais”, afirmou.