Conteúdo do impresso Edição 1301

JOGO DO PODER

Isnaldo Bulhões Jr. é cotado para assumir a articulação política do Governo Lula

Hugo Motta e Alcolumbre defendem nome alinhado com o Congresso
Por BRUNO FERNANDES 01/02/2025 - 06:00
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AGÊNCIA CÂMARA
Nome de Isnaldo Bulhões circula como favorito
Nome de Isnaldo Bulhões circula como favorito

Isnaldo Bulhões Jr., deputado federal pelo MDB de Alagoas, surge como o principal nome para assumir a Secretaria de Relações Institucionais, atualmente ocupada por Alexandre Padilha (PT). O parlamentar é o favorito entre os futuros presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) — seu apoiado —, e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), para o cargo. A mudança se torna necessária devido ao desgaste de Padilha após o último ano, especialmente durante a gestão de Arthur Lira na presidência da Câmara.

A insatisfação com o atual titular da Secretaria de Relações Institucionais reflete-se em promessas não cumpridas pelo Planalto, gerando críticas dentro do Congresso. Hugo Motta e Davi Alcolumbre defendem, após a eleição das Mesas, a nomeação de uma pessoa alinhada com o Congresso, que seja capaz de articular com diferentes espectros políticos e também com o Governo Lula. Para ambos, Bulhões preenche esses requisitos.

O deputado, conforme apuração do EXTRA, teve participação expressiva nas votações da Câmara entre 2023 e 2024, sendo favorável a 96% das propostas da base governista e tem o perfil desejado para a função. Caso o presidente Lula aceite a sugestão, Alexandre Padilha poderá ser transferido para o Ministério da Saúde, cargo que já ocupou anteriormente. No entanto, tudo na política pode mudar a qualquer momento, visto que Bulhões já foi considerado favorito para outras posições no passado, mas não chegou a concretizá-las.

O problema que atrapalha a equação é o PSD de Gilberto Kassab, que não aceita a vontade da cúpula da Câmara dos Deputados. Atualmente, 11 ministérios estão nas mãos de partidos como o União Brasil, PSD, MDB, Republicanos e PP. Tudo indica que dividir e mudar as peças de um órgão para outro irá desgostá-los.

Em dezembro, como mostrado pelo EXTRA, Bulhões resolveu se afastar da disputa para suceder Arthur Lira na presidência da Câmara. Ele decidiu reorientar sua trajetória política após uma campanha quase inexistente para a presidência da Casa e apoiar Hugo Motta, nome escolhido por Lira. A mudança foi interpretada como uma medida sensata para garantir sua relevância futura, mesmo sem a disputa pelo cargo máximo da Câmara.

O relacionamento estreito entre Bulhões e Hugo Motta, que vai além da política, torna a aliança mais forte, com o deputado alagoano encontrando um importante aliado na liderança da Câmara, a partir de 2025. Esse vínculo estreito é descrito como uma amizade rara no ambiente político, que pode favorecer Bulhões em sua trajetória para assumir a articulação política do governo.

Bulhões chegou a ser apontado como favorito para suceder Arthur Lira na presidência da Câmara. No entanto, a forte concorrência e a diminuição do apoio, especialmente dentro do próprio MDB, reduziram suas chances. O deputado é líder do MDB na Casa, cargo conquistado com o apoio decisivo do senador Renan Calheiros. Contudo, o embate entre Calheiros e Lira prejudicou seus planos, tornando sua candidatura menos viável.

A disputa pela liderança do MDB na Câmara se complicou ainda mais com a interferência de outros nomes, como Elmar Nascimento, líder do União Brasil, que foi cogitado por Lira para sucedê-lo. A falta de consenso entre Lira e Elmar gerou uma reconfiguração nas relações políticas em Alagoas, onde figuras como Alfredo Gaspar, também do União Brasil, passaram a ser rivais de Lira.

Por fim, a proximidade de Bulhões com o Governo Lula gerou tensões dentro do grupo político de Lira, que via essa relação como uma possível influência negativa. Para Lira e seus aliados, Bulhões representaria o fortalecimento da posição de Calheiros, algo que não seria benéfico para o grupo em termos de poder político.


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