XADREZ POLÍTICO
Atrito entre GG e Carlos Gonçalves cria incerteza sobre futuro de Gabi e influência de Lira
‘Investimento’ milionário do deputado na cidade pode ser dado como perdido
O rompimento entre o ex-prefeito Gilberto Gonçalves e o atual gestor de Rio Largo e seu sobrinho, Carlos Gonçalves, “derrubou” o xadrez político local, causando também incertezas quanto à futura reeleição da deputada estadual Gabi Gonçalves, filha de GG.
Com a perda — não toda — de influência sobre a Prefeitura de Rio Largo, Gilberto Gonçalves enfrenta agora novos adversários dentro da própria família para manter sua força política. Enquanto o grupo de GG sofre abalos, adversários políticos se aproximam de Carlos Gonçalves, fortalecendo sua base e criando novos cenários.
Ao longo de fevereiro, o prefeito tem buscado apoio de lideranças da segurança pública, garantindo proteção e consolidando alianças estratégicas para sua gestão e projetos futuros.
Enquanto as coisas não se acertam, os problemas familiares afetam até quem não é da família, como o deputado federal Arthur Lira, aliado histórico de GG, que também pode sofrer impactos negativos. Tendo investido capital político no grupo de Gilberto, que até então contava com Carlos Gonçalves, Lira arrisca perder um importante reduto eleitoral que rendeu mais de 34 mil votos para o atual gestor nas últimas eleições.
Para se ter uma ideia do tamanho do “investimento” que pode ser perdido por Arthur Lira por conta de desavenças familiares em busca de poder na cidade, somente em 2021, antes da Operação Beco da Pecúnia vir a público, foram enviados R$ 41,6 milhões por meio de emendas para a cidade então administrada por GG. Esse número superou cidades maiores como Arapiraca, que no mesmo ano recebeu R$ 1,4 milhão, e Maceió, que obteve R$ 14,7 milhões.
Em Rio Largo, contudo, não há segredo. Gilberto Gonçalves sempre deixou claro que os recursos que irrigaram os cofres da cidade nas últimas duas eleições vieram do deputado federal Arthur Lira, com quem sempre fez questão de estampar outdoors ao longo da cidade com a imagem do parlamentar como forma de agradecimento.
O estopim para a crise que pode afetar familiares e agregados foi a tentativa de GG de manter controle sobre a administração municipal, buscando influenciar decisões na Câmara de Vereadores. Ao tentar emplacar aliados em posições-chave e realizar exonerações, provocou reação negativa. A pressão fez com que Carlos Gonçalves revisse suas decisões, rompendo com GG e reforçando sua autonomia política, como mostrado pelo EXTRA.
Mesmo após a ruptura, GG continua como supersecretário, mas sob os olhares atentos de Carlos Gonçalves, que “cortou” suas asas antes que pudesse alçar voos maiores. A estrutura que antes lhe dava poder foi reduzida, e sua influência na administração municipal já não é a mesma.
Antes do conflito, GG detinha um papel de destaque na gestão municipal. Como líder da Secretaria de Governo (Segov), possuía ampla estrutura e forte influência nas decisões estratégicas. A pasta, entretanto, ainda conta com quase cinquenta cargos, superando o próprio gabinete do prefeito em estrutura e poder.
A Segov ainda mantém parte do controle da cidade nas mãos de GG. Seu salário, conforme o Portal da Transparência, é de R$ 20 mil, enquanto Carlos Gonçalves recebe R$ 36 mil. O vice-prefeito, Peterson Henrique, tem vencimentos de R$ 24 mil e uma equipe reduzida, contrastando com a ampla estrutura de GG.