RIO LARGO EM CRISE
Rompimento ameaça reeleição de Gabi Gonçalves e respinga em Arthur Lira
Prefeito tira o Gonçalves do nome e abre as portas da cidade para o MDB
O rompimento aparentemente definitivo entre Pedro Carlos da Silva Neto (PP) com o tio e seu lado da família pode comprometer uma eventual tentativa de reeleição de Gabi Gonçalves (PP), filha de Gilberto Gonçalves. O ex-prefeito é apontado por alguns parlamentares como o articulador dos últimos acontecimentos na principal cidade da Região Metropolitana de Maceió.
Diferentemente de outros políticos, a exemplo de Renan Calheiros (MDB) e Paulo Dantas (MDB), que manifestaram apoio ao prefeito (que tirou publicamente o Gonçalves que havia adotado como nome de guerra) após a suposta carta de renúncia ser lida na Câmara, Gabi, assim como o pai, optou por se manter distante da crise.
Indiferente ao cenário de caos que tomou conta da cidade, GG lançou uma campanha de doação em suas redes sociais, ignorando os desdobramentos que podem impactar a campanha da filha em 2026.
Pouco tempo depois de afirmar ser falsa a carta de renúncia lida no plenário da Câmara, Pedro Carlos, ao ser questionado pelo EXTRA sobre como estaria a relação com a família por parte do lado do tio, o gestor limitou-se a afirmar: “Não mantive contato nos últimos dias”.
Gabi Gonçalves foi eleita deputada estadual em 2022 com 29.336 votos, um número próximo ao do primo, que venceu a eleição do ano passado para prefeito com 32.496 votos e atualmente controla a máquina pública. Nos bastidores, há especulações de que a possível entrada dos Calheiros no cenário político de Rio Largo e a crise formada possa favorecer outros nomes em detrimento de Gabi. O movimento também pode enfraquecer Arthur Lira (PP), que mantinha uma base sólida no município devido à sua relação com Gilberto Gonçalves.
TUDO QUE O MDB QUERIA
O senador Renan Calheiros (MDB) foi um dos primeiros a manifestar apoio ao prefeito Pedro Carlos no embate contra o tio e antecessor, Gilberto Gonçalves, exonerado na segunda-feira, 31, do cargo de secretário especial de Governo. O gesto só serviu para reforçar a aliança entre o grupo calheirista e o chefe do Executivo. Para analistas políticos, essa mudança de alianças pode representar um reposicionamento estratégico do MDB na região, com vistas a ampliar seu poder de articulação no estado.
Pedro Carlos enfrentava isolamento político desde o rompimento com Gilberto Gonçalves, aliado de Lira, um dos principais caciques políticos de Alagoas. A recente crise, por outro lado, fez com que vereadores da oposição mudassem de lado e passassem a apoiar o prefeito, isolando agora Gilberto Gonçalves.
A disputa familiar ocorre em meio a especulações sobre uma possível migração partidária do prefeito para o MDB. Fontes indicam que o relacionamento entre Carlos e a legenda é positivo, mas não houve, até o momento, um convite oficial para sua filiação.
A possibilidade dessa mudança tem sido vista como um movimento natural dentro do contexto de alianças políticas regionais, onde a migração para partidos com maior capacidade de investimento tem sido uma estratégia comum para prefeitos em busca de estabilidade administrativa, como aconteceu no mês passado em Alagoas.
Para o MDB, por outro lado, o rompimento familiar também será benéfico na busca por mais uma vaga para a Câmara Federal e na Assembleia Legislativa, já que ambas podem perder representatividade até junho.
Embora essa movimentação ainda esteja em fase inicial, a estratégia inclui o suporte institucional do partido, a influência no Senado e na Câmara, e parcerias com o governo estadual por meio de programas sociais. O objetivo é consolidar o apoio de Pedro Carlos aos candidatos do MDB nas eleições de 2026 e, simultaneamente, enfraquecer a base política de Lira.