Conteúdo do impresso Edição 1311

NEGÓCIO SIGILOSO

Sindicato cobra explicações à Casal sobre negociação Braskem-Catolé

Urbanitários teme por futuro do abastecimento em Maceió, após ‘venda’ de sistema
Por ODILON RIOS 19/04/2025 - 06:00
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Ascom
ETA do Sistema Catolé-Cardoso, situada em Bebedouro
ETA do Sistema Catolé-Cardoso, situada em Bebedouro

O Sindicato dos Urbanitários, que representa os trabalhadores da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), busca agendar reunião com a direção da empresa após o EXTRA revelar, na semana passada, as negociações que transformaram o sistema Catolé em propriedade da Braskem. A estatal recebeu R$ 108,9 milhões de indenização porque o sistema foi afetado pelo afundamento do solo que comprometeu a estrutura de imóveis em bairros inteiros da capital alagoana. Em troca, a mineradora virou proprietária do Catolé, um acordo idêntico ao realizado – com bem menos vantagem – pelos moradores atingidos pela mineração indiscriminada de sal-gema e a multinacional.

O sindicato desconhecia as negociações. “Não sabíamos e este mês a companhia tem de publicar o balanço financeiro. Expectativa é que estas informações sejam detalhadas neste balanço ou no próximo [em 2026]”, explica Dafne Orion, presidente do sindicato.

O Balanço Financeiro da Casal é um documento público que detalha todas as operações realizadas pela companhia ao longo de um ano. É obrigatória a publicação dele no Diário Oficial do Estado. O balanço, cujo prazo vence este mês, é referente ao ano passado, quando houve a negociação Casal-Braskem e o repasse do dinheiro para o caixa da companhia. Destino da verba segundo versão da companhia.

“Este dinheiro da indenização vai aliviar bastante os problemas da Casal, em especial neste período em que se discute a privatização da companhia. Porque após a primeira etapa da privatização, a Casal não faz mais a distribuição da água. Apenas capta e vende para o setor privado”, alertou Orion.

Segundo apurou o EXTRA, a publicação do balanço vem causando desentendimentos entre os conselheiros fiscais por causa da operação Casal-Braskem. Um dos motivos é que o dinheiro da indenização não ficou nos cofres da companhia, mas do governo.



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