CONFUSÃO
Tumulto e insultos marcam atendimento na antiga Farmex
Usuários esperam até 6 horas por atendimento em espaço sem ventilação e com poucos assentos
Ser portador de doença rara não é fácil. Imagine o constrangimento e falta de respeito com quem precisa do medicamento de alto custo fornecido pelo Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (Ceaf), antiga Farmex, em Maceió, Alagoas. Na segunda-feira, 5, as pessoas ficaram mais de 6 horas no local para receber atendimento. Houve tumulto, bate-boca e alguns usuários passaram mal no local. A falta de medicação foi outra reclamação de quem enfrentou a maratona.
O calor insuportável e o espaço insuficiente com pessoas em pé (por falta de assento) que se aglomeravam em frente ao painel de chamamento dificultando a visualização do número da senha foram alguns dos problemas que se arrastaram durante todo o dia. O caos tomou conta do lugar e não havia espaço para colocar tanta gente. Um dos momentos tensos foi quando uma usuária se alterou devido ao descaso e a pessoa que estava para apaziguar riu da situação e disse “Por que você não estudou?”.
Diante da gritaria e insultos, um homem passou mal e foi preciso receber atendimento de uma profissional da saúde que fazia trabalho interno. Pouco tempo depois, mais outra confusão e dessa vez uma senhora quem desmaiou.
Muitas pessoas desistiram de esperar e foram embora sem a medicação. Apesar da insatisfação com o serviço oferecido, não parava de chegar gente à farmácia. O horário do almoço dos funcionários, de meio-dia às 14 horas, deixa o atendimento ainda mais lento. Poucos atendentes durante as duas horas e esta é uma prática diária.
A junção de atendimento de pacientes de medicamentos de alto custo com a distribuição de colírio para o glaucoma só piorou o que já era ruim. A falta constante da medicação é outro agravante para quem necessita continuar o tratamento.
Aquela segunda-feira, 5, não há como esquecer. Embora o problema persistisse durante o dia, faltou liderança para tentar contornar a situação. O aviso de que quem estivesse dentro do espaço não poderia sair e voltar depois das 15 horas, pois o portão seria fechado, foi motivo de insatisfação e início de mais uma confusão. Muita gente tinha chegado pela manhã e não teria como ficar tantas horas sem comer. Idosos que mais sofriam, principalmente diabéticos e hipertensos. Às 15 horas os portões se fecharam e o calor aumentou. Era tanta gente que não se tinha ideia de quando o atendimento iria terminar.
No início de abril a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) divulgou que no primeiro bimestre deste ano, o (Ceaf) registrou 26.715 atendimentos a pessoas que buscaram medicamentos de alto custo para tratamento de doenças raras. Em média, foram 612 atendimentos diários, conforme dados divulgados pela Sesau. Disse, ainda, que para ter acesso aos medicamentos de alto custo do Ceaf, os usuários devem se dirigir à unidade, no horário das 7h30 às 16h30, de segunda a sexta. Porém, esqueceu de informar que quem chegar depois das 15 horas não consegue ficha para atendimento no mesmo dia.
O colapso do dia 5 poderia até se justificar por se tratar de um fato atípico. Foram três dias seguidos sem distribuição dos medicamentos. Na quarta-feira, 30, o atendimento foi interno por ser último dia do mês (prática da instituição). Dia 1º de maio teve feriado e o dia 2, ponto facultativo. Mas a reclamação é constante e todos os dias o problema se repete.