Conteúdo do impresso Edição 1317

COMÉRCIO EXTERIOR

Governo busca árabes para investir em saneamento

Discussões no Oriente Médio colocam Canal do Sertão e Bloco D na vitrine
Por ODILON RIOS 31/05/2025 - 06:00
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Agência Alagoas
Canal do Sertão foi um dos destaques da viagem ao Oriente Médio
Canal do Sertão foi um dos destaques da viagem ao Oriente Médio

O principal resultado da comitiva da gestão Paulo Dantas (MDB) no Oriente Médio foi despertar o interesse de investidores da região no potencial das águas alagoanas. O Canal do Sertão e o futuro leilão do bloco D, envolvendo Arapiraca e cidades vizinhas, pautaram alguns destes encontros. Houve também tratativas sobre gás natural e energias renováveis.

Mas a possível aproximação das fortunas árabes tanto do Canal do Sertão quanto do Bloco D do saneamento interessam mais, principalmente pela disposição do governo federal de apoiar leilões do tipo e estudos do BNDES abrindo os caminhos neste sentido.

Além disso, o leilão do bloco D deverá acontecer, no máximo, até o ano que vem, de acordo com as discussões internas.

Três blocos do saneamento já foram a leilão em Alagoas: o Bloco A, que abrange a região metropolitana da capital, com 13 cidades, atende 1,4 milhão de pessoas (44% dos habitantes do estado) e foi vencido pela BRK Ambiental em 30/09/2020 por R$ 2 bilhões pela outorga; o B abrange 800 mil pessoas, vencido em 13/12/2021 pelos consórcios Alagoas e Mundaú, que venceram o leilão para operar os blocos B e C: R$ 1,215 bilhão e R\$ 430 milhões, respectivamente.

A meta dos leilões é a mesma: universalizar o acesso a água potável e esgotamento sanitário a 90% da população até 2033.

O Bloco D incluirá 28 municípios, 660 mil habitantes ou 20% da população alagoana. A Casal atua em 17 destes municípios. O investimento estimado é de 330,6 milhões de dólares. “A Casal permanecerá atuando como responsável pela captação, tratamento e fornecimento de água potável para o operador privado, que será responsável pela distribuição de água e a totalidade dos sistemas de esgotamento sanitário”, informa o Hub de Projeto do BNDES, que organiza o futuro leilão.

Quanto ao Canal do Sertão, há estudos do governo buscando um modelo de gestão sustentável financeiramente e, ao mesmo tempo, atendendo a uma região historicamente associada à miséria, poucos projetos com capacidade de abraçar a farta mão de obra e um potencial de riqueza ainda inexplorado.

A Secretaria de Agricultura tem um projeto-piloto para o primeiro perímetro irrigado do canal, chamado Gavião. Quer atrair cooperativas ligadas à agricultura familiar e será em São José da Tapera.

Atualmente está sendo construído o trecho 5 do Canal do Sertão, com recursos federais. Ele está incluído no Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC. Levando em conta o tempo, a obra se arrasta há mais de 30 anos.

O canal está ligado à Secretaria de Governo, ou seja, diretamente ao governador Paulo Dantas. Intencionalmente isso deve reduzir possíveis entraves para investimentos.

A comitiva alagoana, que retornou ao estado esta semana, desembarcou em Doha, no Catar, em 24 de maio para participar da III Missão Internacional do Consórcio Nordeste. A programação incluiu Dubai (Emirados Árabes), Riade (Arábia Saudita) e Abu Dhabi.

Acompanharam a missão representantes dos bancos do Brasil, Nordeste, BNDES, a ApexBrasil e o Itamaraty.

O governador foi representado pelo secretário de Relações Federativas e Internacionais, Julio Cezar.

“Viemos em nome do governador Paulo Dantas com o compromisso de apresentar Alagoas ao mundo, construir conexões institucionais e abrir novas oportunidades para o nosso estado. Essa missão nos permite mostrar que o Nordeste é uma região estratégica e que Alagoas está preparada para receber investimentos e firmar cooperações de longo prazo”, disse o secretário.


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