SITUAÇÃO DELICADA
Pesquisadores confirmam necessidade de realocação dos moradores dos Flexais
Situação da demolição de parte dos Flexais gera insegurança e aumento da violência na comunidadeRelatório de inspeção realizado nos Flexais, em Maceió, atesta a necessidade de realocação das famílias que ainda moram na região. As duas localidades - Flexal de Cima e Flexal de Baixo - foram excluídas dos mapas de risco da Defesa Civil para desastres resultantes da mineração da Braskem. Porém, seus 3.500 moradores sofrem os impactos do desastre que destruiu cinco bairros na cidade. A professora Camila Prates, do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade Federal de Alagoas, que participou da elaboração do relatório de inspeção nos Flexais na atualização realizada em julho, afirma que a desqualificação de vida na área se agrava a cada medida adotada para mitigar o problema no bairro, como ocorre agora com nova demolição de imóveis.
A situação da demolição de parte dos Flexais gera ainda: insegurança e aumento da violência na comunidade, em especial a violência de gênero; amplia os impactos ambientais; aprofunda os efeitos relativos ao ilhamento social. “Foi constatado o isolamento social dos moradores, uma situação incontestável e que gera insegurança” informa. O objetivo do relatório é observar o que mudou no período de 10 meses, quando foi realizado o primeiro trabalho nos Flexais, fazendo uma comparação das condições de moradia e de serviços básicos, como à saúde, transporte, comércio, segurança pública, educação, e outros direitos fundamentais previstos na Constituição Federal.
Na prática, o relatório de inspeção apresentado aos órgãos públicos é um documento comprobatório do isolamento social que essas pessoas enfrentam nos Flexais. Camila Prates define como polêmico o fato de que o Poder Público defende a requalificação dos Flexais, já que as localidades não estão na área de risco do mapa, enquanto os moradores querem ser realocados de qualquer jeito por não haver condições da permanência no bairro.