ELEIÇÕES 2026
Renan Calheiros e Cunha intensificam campanha ao Senado; Lira corre por fora
Tom discreto do presidente da Câmara contrasta com guerra já declarada entre os senadores que tentarão reeleição
O panorama político alagoano é marcado por tensões crescentes, já que os senadores Renan Calheiros (MDB) e Rodrigo Cunha (Podemos) assumem papéis de destaque. Ambos têm se envolvido em uma batalha de palavras que abrange o Senado, eventos públicos, entrevistas e, especialmente, nas redes sociais. No entanto, um ator importante, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), segue uma estratégia notavelmente discreta, evitando confrontos diretos e enfatizando discursos republicanos para colocar em prática o plano de disputar uma vaga no senado em 2026.
Ao que tudo indica, o presidente da Câmara já traçou seu plano para a eleição de 2026. O deputado já afirmou a interlocutores que vai concorrer a uma vaga no Senado por Alagoas contra seu desafeto, Renan Calheiros, que vai tentar a reeleição. O deputado já sinalizou, inclusive, que também tem interesse em ver seu nome testado em pesquisas para a Presidência da República.
A dinâmica atual, no entanto, coloca Renan Calheiros e Rodrigo Cunha como candidatos naturais à reeleição no Senado em 2026. Entretanto, o que se desenha nos bastidores é um esforço de ambos para minar a credibilidade um do outro, à medida que se preparam para as eleições do próximo ano. Uma das disputas recentes em Brasília foi a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a Braskem e o desastre que afundou bairros em Maceió.
A CPI, proposta por Calheiros, foi instalada, gerando alegações de Cunha de que essa decisão não refletiu sua vontade. A retórica agressiva não é exclusividade de Calheiros, uma vez que Cunha também contra-ataca em pronunciamentos públicos. Ele não apenas se manifesta a favor da investigação sobre a Braskem, mas também levanta questões sobre a legitimidade de Calheiros para liderar tal inquérito, destacando a suposta relação passada de Calheiros com a empresa. O clima de desavença entre os dois parece longe de se acalmar.
Enquanto isso, Arthur Lira segue uma abordagem notavelmente discreta, buscando evitar confrontos diretos. Na última semana, durante evento de lançamento do Novo PAC, Lira surpreendeu ao não adotar uma postura agressiva — mesmo com Renan Filho presente — optando por um discurso republicano e conciliador. Ele destacou seu compromisso em olhar para o futuro e servir aos três milhões de alagoanos, adotando uma postura que ressoou com a audiência.
“A gente sai daqui com um recado claro para a classe política. Eu olho pra frente, eu olho adiante. Eu olho para os três milhões de alagoanos. Queria dar uma palavra final de agradecimento pela presença de todos. Agradecimento pelo momento político que estamos vivendo. Agradecimento para que a gente toque nossas pautas políticas de maneira sempre republicana. Olhando pra frente. Sem olhar para trás. Pensando no nosso estado”, disse Arthur Lira.
Além de manter uma estratégia menos combativa, Lira também demonstra astúcia política. A possibilidade de uma corrida ao Senado que envolva tanto Renan Calheiros quanto Arthur Lira, dadas as duas vagas em jogo, pode criar espaço para que ambos compitam em palanques separados, como já aconteceu em eleições passadas no estado. Isso permite que ambos tentem maximizar suas chances de eleição, mesmo seguindo caminhos políticos distintos. Rodrigo Cunha, por sua vez, opta por uma abordagem diferente.
Ele se “apropriou” do programa de renegociação de dívidas “Desenrola Brasil”, criado pelo governo do presidente Lula, e o renomeou como “Desenrola com Rodrigo Cunha”. Embora essa estratégia tenha sido criticada por confundir o eleitorado, ela também pode render vantagens, já que o programa tem sido bem recebido. O programa visa negociar dívidas dos alagoanos com diversas instituições, semelhante ao Desenrola Brasil.
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