DECISÃO
Lula indica Marluce Caldas, tia de JHC, para o Superior Tribunal de Justiça
Nome da procuradora agora aguarda aprovação do Senado
Após nove meses de indefinição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou a procuradora Marluce Caldas para ocupar uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A escolha foi anunciada nesta quinta-feira, 10. A nomeação será publicada no Diário Oficial da União e depende da aprovação do Senado Federal para ser efetivada.
Marluce é a segunda mulher indicada por Lula ao STJ em seu atual mandato. Procuradora de justiça no Ministério Público de Alagoas, Marluce tem trajetória consolidada, com atuação reconhecida na área criminal.
A escolha encerra a longa espera em torno da cadeira reservada à classe. Marluce foi indicada a partir de uma lista tríplice formada também pelo subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos e pelo procurador de Justiça do Acre Sammy Lopes.
Apesar do perfil técnico, a nomeação de Marluce repercutiu politicamente em Alagoas. Ela é tia do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), o JHC, que nos bastidores é cotado como possível candidato ao Senado em 2026. A proximidade familiar levantou especulações sobre o fortalecimento do grupo político do prefeito.
A movimentação é vista como um gesto de aproximação com Lula. Além disso, segundo o portal g1, a nomeação foi negociada com lideranças adversárias em Alagoas, como o deputado Arthur Lira (PP) e o grupo do senador Renan Calheiros (MDB) e seu filho, Renan Filho, ministro dos Transportes.
Segundo fontes ligadas ao Congresso, Lira teria pedido ao Planalto mais tempo para a definição da segunda vaga no STJ, na tentativa de evitar que a nomeação favorecesse adversários locais. Ele também articula sua candidatura ao Senado e vê com preocupação a possível união entre JHC e Renan Calheiros, seu principal rival em Alagoas.
Com a indicação de Marluce, Lula avança na composição do STJ enquanto, paralelamente, influencia o delicado equilíbrio político de Alagoas. A decisão mostra que, mesmo em cargos técnicos, os efeitos políticos continuam sendo observados com atenção por atores regionais e nacionais.