Jogo de xadrez
Arthur Lira vira entrave para presidente Lula na reforma ministerial
Parlamentar estudava ocupar cargo na Agricultura, mas ministro Fávaro é blindado pelo PT
O ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) virou um entrave para Lula nas negociações da reforma ministerial que o petista planeja para as próximas semanas, segundo avaliação do jornalista Igor Gadelha do Metrópoles.
Após quatro anos no comando da Casa, o parlamentar de Alagoas enviou recados ao Palácio do Planalto de que gostaria de assumir o poderoso Ministério da Agricultura. Porém, na semana passada o presidente Lula descartou a possibilidade de substituir o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), para acomodar Lira em seu governo.
A decisão de manter Fávaro foi comunicada a aliados, apesar das pressões da bancada do PP, que apoia a nomeação de Lira para a pasta.Lula avaliou que Fávaro tem mantido um diálogo eficaz com o setor agropecuário dentro dos limites políticos atuais e que não vê como Lira poderia expandir essa relação.
A negativa ao ex-presidente da Câmara é interpretada como um freio nas negociações para sua entrada no governo, já que Lira não aceitaria um cargo de menor relevância. Lira conta com o apoio do atual presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que também tenta emplacar outro aliado como ministro do governo Lula.
Motta articula, segundo Gadelha, para que o líder do MDB na Casa, o alagoano Isnaldo Bulhões, vire ministro das Relações Institucionais, pasta responsável pela articulação política do governo. É nesse xadrez que Lira virou um impasse para Lula.
Segundo auxiliares presidenciais, o petista não teria como nomear Isnaldo sem atender também o pleito de Lira. O ex-presidente da Câmara e Isnaldo são adversários políticos em Alagoas. Nomear o líder do MDB e escantear Lira poderia afastar Lula de vez do deputado do PP. Auxiliares do presidente alertam para o risco de deixar Lira “solto” na Câmara, onde poderia reforçar sua oposição ao governo.
Na dúvida sobre Lira, Lula pode ter que começar a reforma pelo ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Atualmente de férias, o senador mineiro já sinalizou que tem interesse em conversar com Lula e, futuramente, disputar o governo de Minas Gerais. A Pacheco, a vaga oferecida seria a de Geraldo Alckmin, no Ministério da Indústria e Comércio.