ATLAS DA VIOLÊNCIA
Alagoas tem redução de 92% em mortes de crianças em 10 anos
No início da semana, Rhavy Abraão, de 2 anos, foi encontrado morto; padrasto é suspeito do crime
Em 10 anos, o número de homicídios de crianças de 0 a 14 anos em Alagoas diminuiu 92,2%, caindo de 64 em 2013 para cinco em 2023, segundo dados do Atlas da Violência. Casos recentes, entretanto, acendem o alerta para a violência contra essa faixa etária.
No início da semana, Rhavy Abraão Alves de Lima, de dois anos, foi encontrado morto dentro de casa, no bairro Riacho Doce, em Maceió. Na quarta-feirA, 14, o padrasto do menino foi preso após o Instituto Médico Legal (IML) apontar que Rhavy morreu após sofrer um pisão nas costas, que causou ruptura no fígado. O padrasto estava sozinho em casa com a criança e não soube explicar as lesões. Ele é investigado por homicídio.
Em abril, outro caso ganhou grande repercussão. A recém-nascida Ana Beatriz Silva de Oliveira foi encontrada morta dentro de um armário no quintal da casa da família, em Novo Lino. O caso mobilizou as forças de segurança e ganhou repercussão nacional após a mãe, Eduarda de Oliveira, inicialmente relatar o suposto sequestro da criança.
Após apresentar versões contraditórias sobre o desaparecimento da menina, Eduarda confessou que asfixiou a bebê com um travesseiro. A polícia aguarda o resultado da necropsia para confirmar a causa oficial da morte, mas Eduarda já foi indiciada pelos crimes de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e comunicação falsa de crime.
No início do ano, o corpo da menina Anna Cecíllya, de 9 anos, foi encontrado em 26 de janeiro, na cidade de Branquinha, cinco dias após seu desaparecimento. O exame cadavérico revelou que a criança apresentava lesões com indicativos de violência física.
"A residência é o local mais comum de ocorrência de violência contra crianças e adolescentes. É natural esperar a violência familiar como fenômeno de maior frequência", diz o relatório do Atlas da Violência.
Segundo o Atlas, 81,7% das crianças e adolescentes mortos entre 2013 e 2023 foram assassinados por armas de fogo. Outros 8,9% foram mortos por instrumentos perfurantes e 3,6%, por objetos contundentes. Em 4% dos casos, a causa é desconhecida.
"Os homicídios não representam a totalidade das violências enfrentadas por crianças e adolescentes. Além de serem vítimas de violência letal, também sofrem com violências não letais, sendo importante monitorar essas violências", afirma o relatório.