Operação trapaça

MP de Alagoas requer condenação de 77 anos para influenciador Kel Ferreti

Gaesf pede 254 anos de prisão para todos os oito denunciados por exploração de jogos de azar on-line
Por Redação 17/06/2025 - 15:05
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Divulgação
Kel Ferreti
Kel Ferreti

O Ministério Público de Alagoas (MPAL) ofereceu denúncia, no último dia 9, no âmbito da Operação Trapaça, que apura a atuação de uma organização criminosa (Orcrim) voltada à prática de fraudes estruturadas, exploração de jogos de azar on-line, lavagem de dinheiro e manipulação de rifas.

A ação penal requer a condenação de oito pessoas, cujas penas, quando somadas, podem chegar a quase 255 anos de prisão. Entre eles, o influenciador digital Kleverton Pinheiro de Oliveira, conhecido como Kel Ferreti e identificado como líder da organização criminosa.

O influenciador foi preso em dezembro junto com o seu sócio Igor Campioni, o Pai do Orgânico. Porém, o juiz titular da 17ª Vara Criminal da Capital, na ocasião, revogou a prisão preventiva e substituiu por medidas cautelares, incluindo comparecimento mensal virtual em juízo, duas vezes por mês, proibição de se ausentar da comarca por mais de 8 dias sem autorização e de se envolver em crimes.

Atualmente, Ferreti, que é ex-policial militar, está preso pelo crime de estupro contra uma enfermeira, ocorrido em 2024.

A investigação inicial na Operação Trapaça teve como foco o cassino virtual “Fortune Tiger”, popularmente conhecido como jogo do tigrinho, cuja popularização ocorreu por meio de campanhas massivas promovidas por influenciadores digitais.

A denúncia ajuizada pelo Gaesf afirma que a organização criminosa é liderada pelo ex-policial que ostentava vida de luxo nas redes sociais, divulgando links e grupos de apostas, além de atuar em rifas manipuladas junto a outros influenciadores denunciados, e também condutas de lavagem de dinheiro.

A ação penal também destaca a manipulação de rifas promovidas nas redes sociais, onde há indícios de que os sorteios eram fraudados para beneficiar integrantes da Orcrim, em prejuízo dos participantes. “Essa prática, além de ilegal, reforça o caráter enganoso das atividades dos criminosos, que utilizavam a falsa promessa de prêmios para atrair vítimas e legitimar o esquema ilícito”, explicou o promotor de Justiça e coordenador do Gaesf, Cyro Blatter.

254,7 anos de prisão


Entre os denunciados estão o proprietário formal de veículos de luxo utilizados pelo suposto líder, sua esposa – que também atua na divulgação de jogos e rifas –, e um sócio em uma das empresas investigadas. A denúncia aponta, ainda, indícios de fraudes bancárias e utilização de “laranjas” para ocultação de bens, como veículos de alto padrão registrados em nome de terceiros, mas exibidos publicamente nas redes sociais dos investigados.

Ao todo, oito influenciadores digitais foram denunciados. Para o líder da Orcrim, o Ministério Público requereu condenação de 77 anos e cinco meses. Para os outros sete, as penas somam 177 anos e dois meses de prisão, totalizando, para todos eles, 254,7 anos de reclusão.

“Com mais essa denúncia proposta pelo Gaesf, o Ministério Público de Alagoas reforça seu compromisso com o combate à criminalidade organizada, à lavagem de dinheiro, à manipulação de rifas e à proteção da ordem econômica e social”, destacou Cyro Blatter.

Trapaça


O nome da operação, desencadeada em dezembro do ano passado, fez alusão ao engano que é praticado contra as vítimas, levando-as a se envolver com jogos de apostas, como se eles pudessem oferecer a elas uma ascensão rápida econômica, o que não corresponde a realidade em razão da enganação que há por trás desses jogos.

O Gaesf é composto por integrantes do Ministério Público do Estado de Alagoas, Secretaria de Estado da Fazenda, Procuradoria-Geral do Estado, Polícias Civil e Militar de Alagoas, Secretaria de Estado da Ressocialização e Inclusão Social e Polícia Científica.


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