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Prefeitura celebra Dia das Crianças com ensinamentos sobre armas

Por Agência Estado 12/10/2022 - 17:06
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Reprodução
Criança com arma
Criança com arma

Em Uberaba, cidade mineira de 340 mil habitantes, a celebração do Dia das Crianças incluiu exposição de armas pesadas, manuseio de equipamentos como bombas e ensinamentos sobre como funcionam esses equipamentos. Em vídeos obtidos pela reportagem, é possível ver policiais dando explicações às crianças sobre rifles, metralhadoras e bombas. As crianças podiam, inclusive, tocar nos equipamentos, como bombas de gás lacrimogêneo.

O evento, que reuniu agentes da Polícia Militar, Exército, Polícia Civil e Polícia Federal, foi organizado pela prefeita de Uberaba, Elisa Araújo (Solidariedade). Araújo é eleitora do presidente Jair Bolsonaro e tem feito campanha no município pela reeleição do presidente. O armamento da população é uma das principais bandeiras de Bolsonaro, que desde o início de seu mandato procurou adotar medidas para flexibilizar o acesso às armas de fogo pela população. A reportagem procurou a prefeita Elisa Araújo para saber por que decidiu montar estandes com armamentos em um evento público voltado às crianças.

Por meio de sua Secretaria de Comunicação, a prefeitura informou que o que ocorreu foi uma "demonstração das forças de segurança, para reduzir a sensação de insegurança da população". "Não houve acesso às armas. O que houve foi uma exposição de defesa em que as crianças, acompanhadas dos pais, puderam ver", declarou a secretaria. Ao ser informada das imagens que mostram crianças manuseando equipamentos, como bombas, a secretaria disse que pode ter ocorrido "alguns exageros".O espaço escolhido para a exposição das armas foi a Praça da Mogiana, área central de Uberaba e tombada como patrimônio histórico da cidade. 

O evento com armas chocou Silvana Elias Silva Pereira, ex-secretária de Educação de Uberaba (MG). "Era para ser uma grande festa para crianças. Como educadora, lutávamos, até dias atrás, para retirar das mãos das crianças as armas de brinquedo. Orientávamos os pais para isso. Hoje, vemos instituições como a prefeitura que, em vez de praticar a educação para a paz, incita essas práticas da violência. Ficamos assustadíssimos com isso", disse.Sumayra Oliveira, pesquisadora acadêmica que esteve no local, também critica a iniciativa. "Como podemos lidar com essa situação? As crianças estão tendo acesso a essa cultura de morte, de ódio. Fiquei perplexa com o que vi, não me lembro de ver algo assim no nosso município."

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