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Dólar e Real, relação de altos e baixos
O Ibovespa permaneceu abaixo da linha psicológica dos 100 mil pela terceira sessão, mas conseguiu, na sexta como nesta segunda-feira, 27, afastar-se mais um pouco da marca dos 97 mil pontos, atingida na última quinta-feira quando tombou 2,29%, em nível não visto desde julho. Hoje, favorecida por sinal majoritariamente positivo do exterior, em dia de poucos catalisadores para impulsionar os negócios, aqui como lá fora, a referência da B3 subiu 0,85%, aos 99.670,47 pontos, oscilando entre 98.833,08, mínima correspondente à abertura, e 99.996,57, na máxima da sessão.
O giro financeiro se manteve fraco nesta abertura da última semana de março, a R$ 21,5 bilhões. No mês, o Ibovespa acumula até aqui perda de 5,01%, após queda de 7,49% ao longo de fevereiro. No ano, o índice cede 9,17%.
Sem muitas novidades para orientar os investidores, na ausência de desdobramentos negativos, os investidores, como na sexta-feira, voltaram a buscar descontos na B3, com recuperação moderada e relativamente bem distribuída pelas ações de maior liquidez e peso no índice. Em dia de forte retomada para os preços do petróleo, em alta que chegou a 5% para a referência americana (WTI) e superou 4% para a global (Brent), as ações de Petrobras seguiram o sinal, mas a uma boa distância, com a ON em alta de 1,52% e a PN, de 1,71%. Vale ON inverteu direção à tarde e caiu 0,17%, e os ganhos entre os grandes bancos foram limitados a 1,81% (Bradesco PN).
Na ponta vencedora do Ibovespa na sessão, Prio (+4,43%), Raízen (+4,15%), Braskem (+3,92%) e Cyrela (+3,81%). No lado oposto, CVC (-5,43%), Yduqs (-3,18%), Azul (-2,91%) e Klabin (-2,62%).
No exterior, o dia foi de alguma retomada do apetite por risco, com retração dos temores em torno da crise bancária e do respectivo potencial efeito sobre o ritmo de crescimento global, o que se refletiu hoje, especialmente, no forte desempenho de commodities como o petróleo e o minério de ferro, este em alta de 2,16%, a US$ 126,96 por tonelada em Dalian, China.
"O First Citizens Bank comprou a carteira de depósitos e empréstimos do Silicon Valley Bank (SVB), o que ajuda os ativos de risco a se recuperarem", observa em nota a Guide Investimentos. "Apesar do tom mais positivo deste início de semana, o mercado segue atento ao desenrolar da quebra do SVB nos EUA e o risco de uma recessão", ressalva a casa.
No front doméstico, a agenda de dados ganha tração a partir de amanhã, com a ata da reunião do Copom, que surpreendeu o mercado na semana passada com um comunicado duro, além do que se imaginava. Com o cancelamento da viagem do presidente Lula à China, e a permanência também do ministro Fernando Haddad (Fazenda) no Brasil, retomou-se em parte a expectativa de que o arcabouço fiscal venha a ser conhecido antes de meados de abril, período que chegou a ser sinalizado pelo governo na semana passada.
"O Ibovespa seguiu em recuperação moderada hoje, em continuidade ao movimento após a quinta-feira sangrenta, com preços baratos, em conta, na B3. Há a expectativa de que o arcabouço possa sair ainda este mês, e muito interesse para a ata do Copom, amanhã, que o mercado espera que seja menos agressiva do que o comunicado", diz Alan Dias Pimentel, especialista em renda variável da Blue3.
Um texto mais leve e ponderado na ata, que considere viés melhor pelo lado fiscal pós-arcabouço, pode tirar da mesa o espaço deixado aberto no Copom para Selic além dos 13,75% e, quem sabe, recolocar no horizonte chance de corte de juros ainda este ano, avalia Pimentel, citando também dados recentes favoráveis, como o IPCA-15 de março, em desaceleração.
Dólar
O dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira, 27, em queda de 0,85%, cotado a R$ 5,2065 (mínima do dia), alinhado ao sinal predominante de baixa da moeda americana no exterior frente a divisas fortes e emergentes, incluindo pares do real como peso mexicano e chileno. Operadores notaram entrada fluxo externo pontual para ações locais e desmonte parcial de posições defensivas no mercado futuro. Foi a menor cotação de fechamento desde 9 de março.
Apesar recuar pela segunda sessão seguida, o dólar se sustenta acima de R$ 5,20, nível em que parece encontrar uma forte resistência. Hoje, a divisa oscilou cerca de cinco centavos entre mínima (R$ 5,2065) e máxima a R$ (5,2503). A liquidez foi reduzida, com o contrato futuro para abril movimentando ao redor de US$ 10 bilhões, o que sugere pouco apetite para apostas mais contundentes.
O dia foi marcado por recuperação de ativos de risco após o First Citizens anunciar compra de partes dos ativos do Silicon Valley Bank (SVB), cuja quebra foi o estopim para a onda de desconfiança sobre o setor financeiro americano há duas semanas. Ao ambiente externo mais ameno somou-se a expectativa de que o anúncio do novo arcabouço fiscal possa ser antecipado, dado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quadro de pneumonia leve, cancelou viagem presidencial à China, da qual o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, faria parte.
"O cancelamento da ida de Lula à China deixou uma esperança de que possamos ter o arcabouço fiscal nesta semana, o que tirou um pouco de pressão do dólar e animou a Bolsa", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni. "Mas não dá para falar ainda em uma tendência de baixa do dólar aqui. Essa queda de braço entre governo e Banco Central ainda assusta os estrangeiros. O que ajudou o Brasil hoje foi commodities."
É grande a expectativa pela divulgação, amanhã, da ata do encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana passada, quando a taxa Selic foi mantida em 13,75% em um comunicado duro - o que levou a nova rodada de críticas do presidente Lula e seu governo à gestão da política monetária. Em evento da Arko Advice hoje, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou que o comunicado saiu "no tom errado" e que o Copom "esticou a corda" na tentativa de ressaltar a autonomia do BC.
Presente no mesmo evento que Tebet, o secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, disse que "o nível de consenso que já existe dentro do governo é muito elevado" sobre o arcabouço fiscal e que a proposta foi bem recebida pelos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a quem classificou de grandes parceiros. Segundo Galípolo, a permanência de Haddad no Brasil ajuda a equipe econômica no processo de realização dos últimos ajustes no texto "Então, eu estou muito otimista quanto a ele arcabouço fiscal, mas a decisão de quando ele deve vir à luz do Sol é uma decisão que só o presidente da República vai poder avançar", disse.
Juros
Na esteira da menor aversão a risco vista no exterior, os ativos domésticos tiveram valorização nesta segunda-feira, ajudando a tirar pressão sobre as taxas futuras de juros. O investidor deixou de lado a piora das expectativas da pesquisa Focus para 2024 e se concentrou, em especial, na baixa do dólar ante o real Há também certa expectativa que o adiamento da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à China contribua para uma divulgação mais cedo do que o antes projetado do novo arcabouço fiscal. É esperado ainda o tom que o Banco Central usará na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) a respeito das contas públicas, mediante a pressão do Ministério da Fazenda por uma comunicação mais amena.
Da cena externa hoje, abrandaram os temores sobre a crise bancária após o First Citizens Bank comprar partes do falido Silicon Valley Bank nos Estados Unidos. O SVB, vale lembrar, foi o primeiro banco a ser engolfado pela turbulência no sistema financeiro americano, em um processo de quebra sem precedentes, vitaminado pela força das redes sociais em espalhar o pânico entre os correntistas.
Diante do alívio lá fora, a maioria das bolsas americanas subiu e o dólar cedeu a R$ 5,2065 (-0,85%) no mercado à vista. Foi a senha para mais uma distensão no mercado de juros. Depois do estresse na quinta-feira pós-Copom hawkish, o investidor veio aparando as arestas desde a sexta-feira.
"Hoje o que estamos vendo é, talvez, um porcentual maior da correção de sinalização do mercado de juros do ambiente macroeconômico global", resume o economista e operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos, André Alírio.
Assim, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 recuou de 13,087% no ajuste de sexta-feira para 13,045% no fechamento hoje. O janeiro 2025 cedeu de 11,951% a 11,87%. O janeiro 2026 caiu de 11,990% para 11,895%. O janeiro 2027 foi de 12,256% para 12,14%. E o janeiro de 2029 passou de 12,785% para 12,65%.
Em termos de precificação para a Selic, o modelo adotado pelo Broadcast aponta somente 4 pontos-base de corte da Selic em maio, o que dá 84% de probabilidade de taxa básica a 13,75% e 16% a 13,50%. Em junho, há 52% de apostas de juros mantidos no atual nível e 48% de redução de 25 pontos-base. Já para agosto, a Selic precificada na curva é de 13,49% (96% de chance de 13,50% e 4% em 13,25%).
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