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Fraudes com consignado atingem aposentados e geram prejuízo bilionário

Especialista denuncia esquema que já causou R$ 6 bilhões em cobranças indevidas
Por Redação 29/05/2025 - 08:34
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Agência Brasil
TCU
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O que deveria ser uma alternativa segura de crédito virou armadilha para milhões de aposentados e servidores públicos no Brasil. O escândalo envolvendo empréstimos consignados atinge proporções alarmantes, com fraudes que somam ao menos R$ 6 bilhões, segundo investigações em curso da Polícia Federal. Em 2023, o volume de crédito liberado ultrapassou os R$ 90 bilhões, mas parte expressiva desses contratos pode ter sido firmada sem o consentimento dos beneficiários.

A denúncia parte de Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin), que classifica o caso como um “crime silencioso e devastador”. De acordo com ele, muitos idosos só descobrem o desconto indevido após meses de prejuízo, sem meios adequados de defesa. Auditoria do TCU contabilizou mais de 35 mil reclamações formais no período de um ano, número que pode ser ainda maior devido ao medo ou à desinformação das vítimas.

“É o salário da sobrevivência sendo sugado sem explicação. Muitos dependem da aposentadoria para pagar comida, remédios e aluguel”, alerta Domingos, que defende o envolvimento das famílias no acompanhamento de extratos e contratos dos aposentados. 

Enquanto o Congresso discute a abertura de uma CPMI para apurar o caso, o governo resiste sob o argumento de possível desgaste político. Houve mudança no comando do Ministério da Previdência, sinalizando preocupação com a gravidade da situação, mas especialistas cobram mais: punição aos responsáveis, transparência e educação financeira.

Domingos lembra que o crédito consignado, por si só, não é vilão. “Se usado com consciência e planejamento, pode ser útil. Mas não pode virar solução automática nem ser manipulado por terceiros”. Ele recomenda atenção aos termos dos contratos, verificação constante dos extratos de benefícios e desconfiança de ofertas por telefone ou mensagem. A Abefin reforça o apelo por um esforço coletivo para proteger aposentados e pensionistas de novas armadilhas. “Eles merecem respeito — não contratos que jamais pediram para assinar”, conclui.


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