POLÍTICA
Indefinição no Jogo político pode dificultar nome de Marluce Caldas ao STJ
Nomeação para vaga emperra nas mãos de Lula por indecisões políticas locais
A disputa por duas vagas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e uma no Superior Tribunal de Justiça (STJ) emperrou por questões políticas. Para escolher os novos ministros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai precisar decidir para quais padrinhos dos candidatos vai acenar, e quais serão preteridos.
São três listas tríplices que precisam ser analisadas. No caso do TSE, Lula recebeu os nomes dos candidatos no fim de maio. A situação do STJ é mais delicada: a lista repousa na mesa do presidente desde outubro de 2024. Segundo interlocutores do presidente, ele quer nomear a procuradora Maria Marluce Caldas, de Alagoas. A procuradora é tia do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC, filiado ao PL.
Marluce recebeu o apoio institucional do MP de Alagoas e várias outras instituições do meio jurídico, mas a decisão é política.
A condição para nomeação de Marluce Caldas, segundo interlocutores de Lula, é que JHC deixe o PL de Jair Bolsonaro e ingresse na base aliada de Lula. As negociações políticas em torno dessa mudança dependem, no entanto, do diálogo com políticos locais. Isso significa acordo envolvendo o deputado Arthur Lira (PP-AL) e o senador Renan Calheiros (MDB-AL).
O que se espera é volta de JHC para o PSB, partido pelo qual foi eleito deputado federal e depois prefeito de Maceió em 2020. JHC pode disputar o mandato de senador em 2026 ou permanecer na prefeitura de Maceió até o final do mandato, caso se aproxime de Lula.
A ideia do governo Lula é que dois aliados se lancem ao Senado em 2026. Se JHC concordar, um dos dois caciques precisarão deixar a disputa, ou concorrer ao Senado como oposição a Lula. Diante do jogo político intrincado, não há previsão de quando Lula vai nomear os novos ministros do Judiciário.
De olho no TSE
Uma das vagas do TSE tem candidatos homens e a outra, mulheres. Na primeira lista, o mais cotado é Floriano Marques Neto, que já é ministro do tribunal e seria reconduzido. O apoio de Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, fez de Marques Neto o principal concorrente.
Na segunda lista, duas candidatas disputam o posto de forma mais acirrada, ambas apoiadas por interlocutores próximos de Lula. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, faz campanha pela advogada Vera Lúcia Araújo, que é ministra substituta do TSE e assumiria uma vaga de titular.
Vera Lúcia também tem o respaldo de uma ala do PT, devido à luta dela pelas minorias racial e de gênero. Recentemente, a ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, declarou apoio a Vera. A primeira-dama, Janja da Silva, também é partidária da candidatura.
De outro lado, Flávio Dino, do STF, faz campanha pela advogada Estela Aranha. Ela foi secretária de Direitos Digitais do Ministério da Justiça quando Dino comandava a pasta. Ela deixou o cargo na gestão Lewandowski e foi assessora especial de Lula por poucos meses. A advogada também tem o apoio da ministra Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais.