VIOLÊNCIA
Brasil registra 85 assassinatos de candidatos em 2020, diz pesquisa

Um levantamento elaborado pelo cientista político Pablo Nunes, coordenador do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, fundado pela Universidade Cândido Mendes, revelou que 85 candidatos nas eleições municipais de 2020 foram assassinados no Brasil até o último dia 20 de novembro. Os dados abrangem políticos que concorreram aos cargos de vereador, prefeitos e vice-prefeitos.
Os assassinatos ou tentativas são praticados em praticamente todos os estados brasileiros, em cidades pequenas ou grandes centros. Recentemente, o candidato a vereador de Guarulhos, na Grande São Paulo, Ricardo Moura (PL)São Paulo, foi baleado enquanto fazia uma transmissão ao vivo pelo celular.
Em São Vicente, município da Baixada Santista, a candidata a prefeita da cidade Solange Freitas (PSDB) teve o carro atingido por tiros. A blindagem do veículo protegeu a política e equipe que a acompanhava.
Já o candidato à Prefeitura de Armação de Búzios (RJ) Tom Viana (PSL) foi vítima de um ataque a tiros em Cabo Frio, na região dos Lagos. O político, que é policial militar, não foi atingido porque o veículos era blindado. Segundo o depoimento da vítima, dois homens em uma moto emparelharam na estrada e efetuaram os disparos.
Motivações dos crimes
Pablo Nunes considera inviável elucidar os motivos de grande parte dos atentados em razão das deficiências verificadas nas investigações policiais de homicídios e da "alta impunidade nos crimes violentos" no país.
"[Em] muitos desses casos de mortes de políticos, a gente tem as informações que foram colocadas pela imprensa e algumas atualizações que também foram feitas por esses órgãos. Então, é muito difícil definir algumas das motivações", frisou.
O especialista identificou muitos indícios na dinâmica dos crimes que o levam a suspeitar de casos de execução. "Essa dinâmica de dois homens em uma moto ou dois homens em um carro, que saltam desse veículo e efetuam disparos contra o político."
No entanto, o cientista político Pablo Nunes considera difícil atrelar os crimes aos mandantes ou definir se a motivação partiu de uma rixa local e relacionada à atividade política da vítima ou uma possível ligação com o crime organizado.