rio de janeiro
Crivella passa longe de cumprir promessas no 1º ano de governo
O primeiro ano de Marcelo Crivella (PRB) à frente da prefeitura do Rio de Janeiro se mostrou bem diferente do prometido pelo político durante as eleições de 2016.
Das 54 promessas feitas ao longo da campanha para a administração municipal e nos primeiros meses de gestão apenas nove (16,6%) foram cumpridas, segundo levantamento do jornal O Globo. Vinte e uma (38,8%) não saíram do papel dentro dos prazos estabelecidos — começaram depois, sequer tiveram início ou foram abandonadas. As outras 24 (44,4%) representam incertezas: não foram concluídas, porém não estouraram o tempo previsto de execução.
Dados da equipe da vereadora Teresa Bergher (PSDB) mostram como o atual quadro financeiro do município afetou a implantação de projetos. Até quinta-feira, a execução efetiva da chamada taxa de investimentos (recursos disponibilizados para melhorar a infraestrutura da cidade) correspondia a 2,3% da arrecadação total. O percentual representa o pior desempenho da prefeitura nesse quesito desde 2009, quando ficou em 2,7%. O melhor foi registrado em 2015 — 18,7%.
Fontes da própria administração municipal citam decisões equivocadas que causaram prejuízos à prefeitura ou à qualidade dos serviços públicos. Erros que teriam começado antes mesmo da posse: Crivella demorou a montar uma equipe de transição e participou pouco do processo, já que optou por exercer o mandato de senador até meados de dezembro de 2016. Em janeiro deste ano, exonerou todos os ocupantes de cargos de chefia, mas a substituição dos demitidos levou meses e houve situações constrangedoras, como o caso de dois assessores cujas nomeações saíram depois que já haviam morrido.
Na área de saúde, a decisão de retardar o repasse de recursos para fornecedores e organizações sociais responsáveis pela administração de cerca de 170 unidades levou ao desabastecimento de hospitais. Profissionais terceirizados entraram em greve e começaram a faltar remédios.
O orçamento aprovado para 2017, elaborado pela administração do ex-prefeito Eduardo Paes, previa que a prefeitura teria R$ 29,5 bilhões para gastar. Ainda em 2016, a equipe econômica de Crivella estimava que contaria com R$ 26,1 bilhões. Mas, até a última sexta-feira, a arrecadação deste ano era de R$ 24,4 bilhões. Já as despesas empenhadas (gastos autorizados) estavam em R$ 26,5 bilhões, enquanto as liquidadas passaram de R$ 24,9 bilhões. Na ponta do lápis, isso significa que a prefeitura pagou, em 2017, R$ 500 milhões a mais do total que arrecadou.