PROPOSTA DE CAMPANHA

Arthur Lira sinaliza para Lula que pode votar correção do IR este ano

Correção da tabela do IRPF para cinco salários mínimos (hoje, R$ 6.060) é uma das promessas do presidente eleito
Por Conteúdo Estadão 03/11/2022 - 15:11
Atualização: 03/11/2022 - 15:21
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Agência Câmara
Arthur Lira se coloca à disposição do Governo Lula para votar rejuste da tabela do IR
Arthur Lira se coloca à disposição do Governo Lula para votar rejuste da tabela do IR

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), sinalizou em reunião com líderes partidários que, se o governo Lula quiser, ele colocará a correção da faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para ser votada ainda neste ano.

A correção da tabela do IRPF para cinco salários mínimos (hoje, R$ 6.060) é uma das promessas tanto do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva quanto do presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas eleições deste ano. O limite está em R$ 1,9 mil, valor não corrigido desde 2015, à época do governo de Dilma Rousseff. Como mostrou o Estadão, se a tabela não for corrigida, quem recebe 1,5 salário mínimo pagará IR no ano que vem.


Projeto do deputado Danilo Forte (União-CE), apresentado em agosto, prevê a correção da faixa para quatro salários mínimos, mas trata só desse assunto. A proposta não mexe em outros pontos da tributação do IR como o projeto aprovado pela Câmara com ampla maioria que prevê a volta da taxação de lucros e dividendos para acionistas de empresas. Esse projeto teve apoio de Lira para ser aprovado, mas ficou na geladeira no Senado.

Janela

"Na reunião de líderes, houve a sinalização do presidente da Câmara de que, se houver concordância com o governo eleito, a Câmara está preparada e disposta a pautar o tema na Casa", informou Forte ao Estadão, sobre o encontro da segunda-feira à noite. "Temos uma janela para aprovar projetos urgentes e de consenso no Legislativo ainda este ano. Um desses temas é justamente a correção da tabela", destacou. Os termos do projeto seriam acertados com o governo de transição.

Pelo projeto de Forte, a faixa de isenção vai até R$ 5,2 mil. Acima desse valor, haveria alíquotas progressivas e parcelas de dedução do imposto.

Há uma preocupação dos economistas que discutem a reforma do IR de evitar as distorções introduzidas no texto já aprovado pela Câmara e que fazem com que grupos de pessoas de alta renda paguem ainda menos impostos. Nesse projeto, a faixa de correção é elevada de R$ 1,9 mil para R$ 2,5 mil mensais.

A reportagem apurou que o debate no PT não está maduro para ter uma posição ainda este ano. O temor maior no partido é de o Congresso aprovar um projeto muito ruim e deixar para o presidente Jair Bolsonaro sancioná-lo.

Além disso, especialistas em tributação que auxiliam o governo eleito defendem que a correção da faixa de isenção seja gradual devido ao potencial elevado de perda de arrecadação, dificultando inclusive o avanço numa desoneração da folha das empresas (corte em encargos cobrados sobre os salários).


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