OPERAÇÃO SUSPENSA
Calheiros diz que suspensão da Operação-Pipa é vingança contra nordestinos que votaram em Lula
Senador acusa Bolsonaro de adotar medida desumana ao parar distribuição de água potável em municípios afetados pela seca
O senador Renan Calheiros classificou como vingança ao povo do Nordeste a suspensão da Operação Carro-Pipa, executada pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e que abastece pelo menos 148 mil alagoanos que vivem em povoados afetados pela seca.
O senador afirmou que a medida é "desumana, cruel e inadimissível". Segundo ele, a vingança é pelos 70% de votos que o Nordeste deu ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições gerais deste ano.
Alagoanos e moradores de outros estados do Semiárido nordestino necessitam da água potável para sobreviver. A operação, executada pelo Exército, distribui água potável à famílias cadastradas através dos caminhões-pipa há mais de 20 anos. A suspensão decorre da falta de recursos financeiros, segundo o ministério.
Renan Calheiros responsabiliza o atual presidente Jair Bolsonaro pela medida e afirma que "ele vai pagar".
Segundo a planilha do Exército, que coordena a operação, 148.427 de pessoas teriam direito ao abastecimento em novembro apenas em Alagoas. Com 12.383 dependentes, o município de Girau do Ponciano é o que mais necessita do abastecimento por meio de carro-pipa. No Nordeste, o número chega a 1,6 milhão.
De acordo com informações do portal UOL, o primeiro estado a ter o abastecimento suspenso, logo no início do mês, foi Alagoas, terra do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), braço direito do presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi derrotado no segundo turno pelo petista Lula. Já em Pernambuco, Paraíba e Bahia, a paralisação foi informada apenas na quinzena final de novembro, assim como vem ocorrendo nos demais estados.
Pela regra, cada família tem direito a 20 litros de água por dia a cada integrante assistido. Ou seja, se a casa tem cinco moradores, são 100 litros diários. A suspensão da Operação Carro-Pipa afeta 23 municípios de Alagoas, segundo a entidade.
Devido ao corte, prefeitos do Nordeste recorreram à Confederação Nacional dos Municípios (CNM) para tentar reverter a suspensão ocorrida este mês de novembro. A CNM, em dois ofícios endereçados aos responsáveis pelo programa solicitou providências urgentes para manutenção da distribuição de água às famílias, especialmente nos municípios em situação de emergência por conta da estiagem.
A seca na região Nordeste entre janeiro e novembro de 2022 é responsável por um prejuízo de R$ 20 bilhões.