colunista

Alari Romariz

Atuou por vários anos no Sindicato dos Servidores da Assembleia Legislativa e ganhou notoriedade ao denunciar esquemas de corrupção na folha de pagamento da casa em 1986

Conteúdo Opinativo

Gratidão

13/04/2025 - 06:00
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Em nossa vida há vários sentimentos que nos levam a tomar certas atitudes. Um deles é a gratidão.

Nos momentos mais difíceis contamos com boas criaturas que nos dão a mão. Na doença, principalmente, precisamos de ajuda. Aparece um anjo que pega em nossos braços.

Perdi meu terceiro filho no Recife. Quando ele estava esperando um transplante de fígado, contamos com dois quase irmãos que nos ajudaram. Nosso sentimento de gratidão é grande e quando eles precisarem de ajuda, estaremos prontos para retribuir o que recebemos.

Há casos no âmbito profissional. Uma pessoa recebe ajuda de uma colega de trabalho, que depois adoece e morre. A beneficiada começa a falar mal, em público, da falecida. Ambas muito religiosas e nunca entendi tamanha maldade. Só Deus na causa!

No nosso sindicato, uma outra recebia mensalmente vales de gasolina para seu carro durante muitos anos. Nunca pagou nada e hoje ataca os companheiros. Está na hora de prestar contas do que recebeu.

Ainda existem casos de empréstimos e pagamentos divididos, viagens custeadas pela entidade para vários estados, com diárias pagas. Retribuindo, alguns beneficiados falam mal dos atuais dirigentes, chamando-os, inclusive, de ladrões. Onde está a gratidão?

Meu pai e meu tio ficaram órfãos antes dos 3 anos de idade. Meu avô, que era poeta, doente, sentindo a hora de sua partida, fez uma poesia pedindo ajuda para seus filhinhos. Receberam auxílio dos penedenses e morreram eternamente gratos.

Sempre ajudei meus parentes nos instantes difíceis, principalmente na doença. Um cunhado fez uma carta para mim, dizendo que eu era a primeira pessoa a chegar aos hospitais. O presente recebido de um deles foi “um tempo de afastamento”. Tudo nas mãos de Deus!

Se o povo de Alagoas fosse grato a Divaldo Suruagy, jamais conseguiria agradecer ao político o que ele fez pelo estado. O pagamento foi não o eleger nos últimos pleitos. Isso é o que chamo de ingratidão.

Tivemos uma amiga que foi da diretoria do nosso sindicato até morrer. Eu a via ajudando a muitas pessoas que iam a sua casa rezar por ela. Eu avisava: Cuidado, nem todas são suas amigas. Ela ria e me dizia: “Confio nelas”. Pois bem, morreu e recebeu o troco em críticas. Gratidão que é bom, nada! Na política as traições são muitas.

Vemos padrinhos que fizeram os afilhados crescerem tanto quanto eles. Em seguida veio a resposta malvada.

Em compensação, ainda hoje encontramos pessoas que foram ajudadas por mim, que me agradecem por algo que fiz e nem me lembro.

Recentemente, encontrei uma viúva que me disse: “Não perdi a minha casa por sua causa. Meu marido morreu no hospital e o plano não pagou as despesas. A senhora contratou um advogado, que salvou minha casa. Deus a abençoe.”

Duas colegas de trabalho estavam na Praça da Assembleia chorando por não terem recebido o salário, orientei-as para irem ao presidente e contarem o caso. Ele entendeu e corrigiu o erro! Elas ficaram muito gratas a mim.

No tempo do Plano de Demissão Voluntária, eu era presidente do sindicato. Quem pediu o PDV ficou sete meses sem salário. O sindicato ajudou muita gente. Alguns reconheceram. Outros não. Mas Deus é testemunha!

Entre os deputados, alguns são bons amigos. Outros nem tanto. O papel do sindicato não é pedir dinheiro aos parlamentares; é negociar com eles.

Quanto aos companheiros ativos e inativos, espero que entendam ser nossa entidade apenas uma intermediária. Não tem poder de decisão. Depende da Mesa Diretora e da Justiça.

Precisamos de tranquilidade, respeito mútuo e gentileza. Gratidão é amor!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do EXTRA


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