Inovação: motor do desenvolvimento
Robôs, internet das coisas, fábricas inteligentes capazes de se autogerir, drones, impressoras 3D, armazenamento de energia, veículos inteligentes. Bem-vindos à 4ª revolução industrial. Que está mudando tudo que conhecemos em escala, alcance e complexidade jamais vista e “diferente de tudo que o ser humano tenha experimentado até agora”, segundo Klaus Schwab, autor do livro A Quarta Revolução Industrial. Esta etapa de desenvolvimento não é produto de um conjunto de tecnologias isoladas que estão emergindo, mas a transição em direção a conjunto de novos sistemas construídos a partir da infraestrutura da 3ª revolução, a digital. Uma verdadeira revolução! Não é à toa a “briga” entre países desenvolvidos da Ásia, Europa e Estados Unidos pela liderança das enormes mudanças que o mundo começa a trilhar.
E o que isso significa na prática para o Brasil (que cambaleia em meados da 3ª revolução industrial)? E Alagoas, como fica nisso? Uma boa imagem para ajudar a “visualizar” a distância abissal da realidade brasileira em relação aos países que já avançam céleres na 4ª revolução industrial seria a de uma corrida entre a Ferrari mais potente e o nosso jegue do Nordeste. Já perdemos antes da largada. Comparativo que desnuda bem a “velocidade” tecnológica do Brasil em relação às nações mais avançadas (somos o 64º colocado em inovação dentre 126 países), segundo o Índice Global de Inovação.
O país não deslancha tecnologicamente. O relacionamento comercial entre a indústria e a academia é quase inexistente se comparado a países mais avançados. Embora as modernas tecnologias da informática, da microeletrônica, de alimentos, insumos químicos e farmacêuticos já sejam de domínio dos principais centros brasileiros de pesquisa há mais de uma década, elas não chegam com a rapidez necessária ao mercado, nos atrasando ainda mais. Estudo da CNI de 2017 informa que dos 24 setores industriais pesquisados, 14 deles estão muito defasados em termos do uso de tecnologias digitais e apenas 4 são competitivos no mercado global (alimentos, bebidas, celulose e papel e indústria extrativista).
Em Alagoas o quadro é mais grave. Somos o 21º colocado no ranking de inovação dos estados do Brasil – um país de baixíssima taxa de conversão tecnológica - segundo o Centro de Liderança Pública. A indústria local é muito defasada tecnologicamente e nossa academia nada produz em termos de inovação técnica relevante. Vivemos aqui na idade da pedra tecnológica. E lá vamos continuar se nada for feito urgente.
Estaria Alagoas condenada à irrelevância tecnológica? Não é o que acha o economista Elias Fragoso. A seu ver, os maiores óbices estão na falta de um olhar diferente, “fora da caixa” para as possibilidades que a área encerra para o Estado, empresas e a sociedade como um todo, na visão caolha de “Estado provedor” e na inação de políticos e na resistência de acadêmicos que nem formulam saídas, nem apontam alternativas, além de criar óbices para a presença do investimento empresarial nas universidades. O primeiro insistindo no “coitadismo” e os segundos nas rotundas desculpas escapistas de sempre. Precisa mudar isso.
É preciso que nos reciclemos, entendamos de uma vez por todos que inovação é seguro contra a irrelevância e a melhor estratégia para alavancar uma economia obsoleta como a nossa. Nosso entrevistado - no contexto da série Alagoas tem Jeito – irá tratar desses temas.