morte de 'grilo'
Família faz protesto em julgamento de acusados de matar sem-terra

A 9ª Vara Criminal de Maceió conduz o júri dos três acusados de matar Luciano Alves da Silva, liderança do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) em Girau do Ponciano, em 2003. O juiz John Silas da Silva preside o julgamento e espera concluir a sessão na noite de hoje.
A acusação sustenta que o então vereador Zé Catu (José Francisco da Silva) foi o mandante do crime, motivado pelo fato de que Grilo concorreria com ele ao cargo de vereador do município de Girau do Ponciano. Francisco Silva (irmão de Zé Catu) e João Olegário dos Santos seriam os executores, junto a outro homem, já falecido.
“O Ministério Público, como guardião da lei, não tem obrigação de buscar uma condenação, só busca quando está convicto da autoria, da materialidade e culpabilidade, e nesse presente caso existem suficientes indícios que apontam para os réus”, declarou o promotor Wesley Fernandes, responsável pelo caso.

O advogado Fernando Falcão lidera a defesa, que sustenta não haver qualquer participação dos três réus. “Esse processo mostra a absoluta ineficácia dos inquéritos policiais que hoje servem para instruir as ações penais. [Grilo] ordenava a invasão de propriedades privadas, comandava saques de cargas e nenhuma dessas condutas chegou a ser apurada. A autoridade policial centrou toda a sua investigação em cima dessa suposta contrariedade do vereador e desprezou qualquer outra hipótese”.
O caso
O crime ocorreu em 7 de setembro de 2003, por volta das 22h, em uma estrada vicinal do Sítio São Gonçalo, zona rural de Craíbas. A vítima teria ido a um bar por insistência de Josinaldo José dos Santos, já falecido. Quando estava saindo do local, foi alvejado por tiros disparados por dois homens em uma moto.
De acordo com o depoimento de testemunhas, Luciano Alves tinha pretensões de disputar o cargo de vereador de Girau do Ponciano. Seu principal adversário seria José Francisco, o Zé Catu. Dias antes do crime, a vítima teria dito a um amigo que morreria por conta de suas posições políticas.