ELEFANTE BRANCO

População de Paulo Jacinto cobra conclusão de hospital

Obra, que faz parte do programa da reconstrução, teve início em 2012
Por Maria Salésia 13/06/2021 - 09:50
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Cortesia ao Jornal Extra de Alagoas
Populares publicaram fotos da obra abandonada nas redes sociais
Populares publicaram fotos da obra abandonada nas redes sociais

Em junho de 2010, parte da população de Paulo Jacinto viu seus planos, pertences, sonhos e perspectivas irem literalmente de água abaixo. A enchente do Rio Paraíba engoliu centenas de residências e nem a unidade de saúde foi poupada. Com atendimento precário, em um prédio reformado às pressas, em 2012, o paulo-jacintense voltou a sonhar e comemorar a construção do novo hospital.

A promessa era de que teria capacidade para 80 leitos e iria beneficiar também os municípios vizinhos, de Mar Vermelho, Chã Preta, Quebrangulo e Viçosa. A construção da nova sede teve início no governo de Teotônio Vilela e foi orçada em R$ 6.245.481,89. Porém, já se passaram quase 10 anos, houve troca de governo e a obra continua paralisada.

Diante da situação e temendo que a obra se torne mais um elefante branco da engenharia brasileira, o morador da cidade, Joel Filho, publicou em sua rede social um relato dirigido ao governador Renan Filho de como se encontra a construção, apelando para que o governo também olhasse para o povo de Paulo Jacinto e da região do Vale do Paraíba, que serão beneficiados com a conclusão.

Ele relembra a ida do governador ao município para assinar ordem de serviço, das ações realizadas com a construção de hospitais em várias localidades, entre outras reivindicações. “São muitas as notícias inaugurais de obras, mas atento às vossas postagens nas redes sociais, não vejo sinal de interesse de vossa equipe e, em especial de vossa excelência, um olhar sobre a finalização deste hospital aqui de Paulo Jacinto. Será que vai ser preciso esperar até o fim de seu segundo mandato o não cumprimento daquela ordem de serviço que o senhor assinou diante do povo da minha terra?”, indagou.

Porém, ponderou ao falar da importância da obra que irá desafogar o Hospital Geral e a Upa de Viçosa. E caso se torne uma referência de reabilitação, abrangerá toda a região. Além da geração de emprego, fato relevante para o município. Joel Filho se diz confiante de que o governador irá atender a reivindicação dos quase oito mil habitantes de Paulo Jacinto e municípios vizinhos.

Segundo Joel Filho, o próximo passo é fazer um abaixo-assinado. “Vamos recolher assinaturas e conscientizar as pessoas da importância dessa obra para o Vale do Paraíba. Acredito que o governador Renan Filho irá olhar com carinho para nossa reivindicação, já que saúde é um direito de todos”, concluiu.

A postagem de Joel Filho movimentou os internautas e as opiniões foram as mais variadas. O secretário de Saúde do município, Nerinho Barbosa Teixeira, disse que tinha muita esperança que de fato o governador venha a cumprir a promessa feita ao povo de Paulo Jacinto.

“Estamos vivenciando um momento ímpar, com uma carência enorme de leitos a serem oferecidos a toda região do Vale do Paraíba. Continuo acreditando nas palavras do governador e do secretário Alexandre Ayres”, afirmou. E acrescentou que em janeiro deste ano esteve com o prefeito Chicão e com o secretário de saúde para falar sobre o caso.

Com área de 2.200 m², os planos para o local envolvem também a abertura de um espaço para urgência e emergência. Além de atendimentos ligados a odontologia, psicologia, obstetrícia, pediatria e clínica médica. Serão 24 leitos e uma sala para parto normal.

Impasse

O pontapé inicial da nova Unidade de Saúde Mista foi em 2012, no governo de Teotônio Vilela, com recursos do Ministério das Cidades, através do programa da reconstrução. Com obra praticamente paralisada, em maio de 2014, o setor de engenharia da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) -responsável pelos serviços- disse que a unidade de saúde seria entregue no início do segundo semestre daquele ano. No entanto, a promessa não foi cumprida.

Durante o primeiro ano do governo Renan Filho (MDB), a obra também parou. A informação oficial seria em razão de uma dívida da gestão passada. Já os moradores disseram que os funcionários deixaram de trabalhar por falta de pagamento. Em março de 2015, a então secretária de Saúde do Estado Rozangela Wyszomirska foi a Paulo Jacinto para inspecionar o local. Ela prometeu que até novembro de 2015 o hospital seria entregue. Mas não foi dessa vez.

Em setembro de 2017, o governador Renan Filho e o então secretário de Estado da Saúde, Christian Teixeira, assinaram a carta de intenção para conclusão do hospital . Na ocasião, o secretário garantiu que “agora iremos realizar o sonho da população que mora nos municípios de Paulo Jacinto, Mar Vermelho, Chã Preta, Quebrangulo e Viçosa. As pessoas serão atendidas próximas de suas residências, sem a necessidade de se deslocarem para a capital”. Mas a inauguração não aconteceu.

Outro lado

A Sesau esclarece que a obra de construção do Hospital Municipal de Paulo Jacinto foi iniciada em 2012, portanto, no governo passado, e integra o Programa da Reconstrução, iniciado em 2010, após a enchente que atingiu os municípios alagoanos banhados pelo Rio Paraíba. Ressalta que, em 2015, quando a atual gestão estadual foi iniciada, verificou-se que a obra não havia sido concluída e que a validade do contrato com a construtora licitada havia expirado, necessitando realizar um novo processo licitatório para retomá-la, além de sanar problemas no projeto original, uma vez que a execução estava ocorrendo com recursos federais do então Ministério das Cidades.

A Sesau informa que, atualmente, a obra está 70% executada e a atual gestão da Sesau está trabalhando para concluí-la no mais breve espaço de tempo possível, assegurando um equipamento de saúde com capacidade para 80 leitos, serviço de urgência e emergência, com especialidades nas áreas de odontologia, obstetrícia, pediatria, clínica médica e fisioterapia.

Por fim, salienta que, quando estiver em funcionamento, a unidade hospitalar vai beneficiar os moradores de Paulo Jacinto e dos outros oito municípios que integram a IV Região de Saúde de Alagoas, formada por Mar Vermelho, Chã Preta, Quebrangulo, Pindoba, Cajueiro, Capela, Atalaia e Viçosa.

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