Em Fernão Velho

IMA flagra situação de maus-tratos em criatório de jacarés-de-papo-amarelo

Órgão descreveu o caso como 'uma das maiores infrações ambientais' já vista em Maceió
Por Com Assessoria 10/02/2023 - 18:19
Atualização: 10/02/2023 - 19:33
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Ascom IMA/AL
IMA/AL e BPA flagram 'uma das maiores infrações ambientais' já vista em Maceió
IMA/AL e BPA flagram 'uma das maiores infrações ambientais' já vista em Maceió

Uma das maiores infrações ambientais relacionadas a fauna já presenciada em território alagoano. Assim o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL) resume a situação encontrada por equipes do Instituto em um criatório de jacarés-de-papo-amarelo, localizado em Fernão Velho, Maceió. As autuações somadas chegam a R$ 497.720 mil. A operação teve início na última quarta-feira, 8, e prosseguiu nesta sexta-feira, 10, devido à quantidade de problemas encontrados. Técnicos relataram que o local estava visivelmente abandonado.

Foram encontrados 144 jacarés, sendo 139 vivos e cinco mortos. Os animais vivos se alimentavam da carcaça dos mortos e havia mau cheiro por toda a parte. Os vivos estavam em situação de total abandono. Uma força-tarefa teve que ser montada com técnicos dos setores de Fiscalização, Laboratório, Fauna, Unidades de Conservação para tentar buscar uma solução para os animais que ainda estão vivos. Os animais estavam visivelmente submetidos a uma situação de maus-tratos: em confinamento, sem alimentação, sem manejo adequado e sem água.

Além disso, o empreendimento ainda está localizado dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) do Catolé em Fernão Velho. Os fiscais aplicaram três autos de infração: por maus tratos, no valor de R$432 mil; por operar com licença ambiental vencida, em R$32.860 mil; por captar água de modo irregular, sem outorga, em mais R$32.860 mil.

Também foi emitida uma intimação para apresentar cronograma de desmobilização do empreendimento.



A equipe de laboratório, por sua vez, constatou no local que os tanques estão com baixo nível de oxigênio dissolvido na água, "o excesso de carga orgânica, pelo ambiente eutrofizado, e a presença de materiais flutuantes. Essas características no ambiente aquático podem ser fatores que contribuíram para o comprometimento dos animais. As amostras estão sendo trabalhadas para determina parâmetros de coliformes”, explicou Karine Pimental, técnica do Instituto.

A ação foi motivada por denúncias e os dois dias da fiscalização mais intensa foram acompanhados por policiais do Batalhão de Polícia Ambiental (BPA).

Jacaré-de-papo-amarelo
O jacaré-de-papo-amarelo tem o nome científico Cayman latirostris. A exploração, através de criatórios licenciados, é legalmente possível. Entretanto, o manejo deve seguir as orientações técnicas de profissionais especializados.

Segundo a equipe de fauna do IMA/AL, o animal é considerado longevo, podendo viver entre 50 e 70 anos de idade na natureza. Em criatórios geralmente a reprodução e tempo de vida é controlada. Os técnicos explicam ainda que esses jacarés, quando na natureza, conseguem ficar “bastante tempo sem se alimentar ou se alimentando muito pouco”, disse Epitácio Correia, gerente de Fauna e Flora do IMA/AL.

Ele explica ainda que “em vida livre, em situação de extrema escassez de alimentos, esses animais conseguem ficar bastante tempo sem comida. Em cativeiro não se pode usar isso como justificativa para a situação, isso porque, no ato do licenciamento, os empreendedores apresentam todos os manejos a serem realizados com os animais, incluindo o manejo alimentar”.

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