FOCO DEFINIDO

CPI da Braskem: rivalidade entre Renan e Lira não afetará trabalhos

Relator promete apresentar caminhos para que tragédia socioambiental não se repita no país
Por Tamara Albuquerque 04/03/2024 - 13:40

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Agencia Brasil
Senador Rogério Carvalho, relator da CPI da Braskem
Senador Rogério Carvalho, relator da CPI da Braskem

Em entrevista ao programa Brasil Agora da rede SBT News nesta segunda-feira, 4 de março, o relator da CPI da Braskem, senador Rogério Carvalho (PT-SE),  disse acreditar que a rivalidade política entre Arthur Lira, presidente da Câmara, e do senador Renan Calheiros não deve afetar o trabalho do colegiado, instaurado para apurar responsabilidades sobre a tragédia socioambiental que destruiu cinco bairros em Maceió e desestruturou a vida de 60 mil moradores da região.

Carvalho detalhou como serão os trabalhos da CPI e explicou que a primeira etapa envolve "caracterizar o problema" por meio de conversas com professores, como o técnico que assinou laudo anunciando o colapso da mina 18 da Braskem e o diretor-geral da Agência Nacional de Mineração (ANM), Mauro Sousa.

Na segunda etapa, a CPI vai atrás dos responsáveis. "Quem deu causa? Quais são as responsabilidades? Qual foi a negligência, a conivência? Quem mandou, determinou que continuassem a fazer a exploração da mina de sal-gema e por quê?", explicou. 

Acordos

Na terceira etapa o objetivo é debruçar-se sobre os acordos feitos para reduzir o dano ou evitar que ele se alastre. "Vamos encontrar as respostas e apresentar caminhos para que tragédias ou calamidades como essas, como de Brumadinho, Mariana e de sal-gema em Maceió, não se repitam. Por que essas cavidades foram abertas e, depois de concluída a exploração, não foram fechadas?", questionou o senador. 

Carvalho foi perguntado se os trabalhos da CPI podem ser afetados pela rivalidade entre o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), aliado do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL).

"Vamos manter equidistância de ambos os lados. O objeto nem são interesses de Lira, nem são os interesses de Renan Calheiros. Os interesses que precisam ser preservados são do povo de Alagoas, de Maceió, do Brasil. Da sociedade brasileira, que se sente atacada e violentada pela ganância de empresas que exploram, além do limite permitido, fora da lei, determinadas riquezas. Esse é o foco. O resto é conversa pra boi dormir", apontou o senador.

Terça-feira

A CPI da Braskem faz reunião nesta terça-feira, 5, às 9h, para ouvir três depoentes. Um deles é o engenheiro civil Abel Galindo Marques, professor aposentado da Universidade Federal de Alagoas. Carvalho aponta que Abel Galindo foi um dos primeiros profissionais a alertar sobre possibilidade de desabamento do teto de uma das minas escavadas pela Braskem para lavra de sal-gema em Maceió.

A CPI da Braskem também vai ouvir o ativista José Geraldo Marques, doutor em ecologia. De acordo com Rogério Carvalho, Marques é uma das vítimas da evacuação dos bairros atingidos pela mineração da Braskem. Ele teria sofrido pressões e ameaças por se opor à instalação da empresa Salgema, anterior à Braskem, e enfrentado muitas reações por criticar a decisão do governo da época pela implantação da indústria. 

José Geraldo e Abel Galindo são autores do livro Rasgando a Cortina de Silêncios: o lado B da exploração de sal-gema em Maceió. O livro é um roteiro sobre a tragédia, aponta os erros e até soluções para parte do problema.

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