TRADIÇÃO AMEAÇADA

Maceió será a Capital Nacional do Sururu, apesar da mortandade do molusco

Projeto que garante título à capital não cita o desaparecimento da espécie pela poluição das lagoas
Por Tamara Albuquerque com Agência Senado 23/04/2024 - 13:41

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Secom/Maceió
Marisqueira trabalha no sururu, molusco cada dia mais ausente na Lagoa Mundaú
Marisqueira trabalha no sururu, molusco cada dia mais ausente na Lagoa Mundaú

A Comissão de Educação e Cultura (CE) do Senado aprovou nesta terça-feira, 23, o projeto do senador Rodrigo Cunha (Podemos) que concede o título de "Capital Nacional do Sururu" para Maceió. O PL 1.051/2022 recebeu parecer favorável do relator, senador Efraim Filho (União). Se não houver recurso para votação em Plenário, o texto será enviado para a Câmara dos Deputados.

O sururu é ainda encontrado em lagoas de mangue, mas "já foi" rica fonte de renda e garantia da sobrevivência para milhares de famílias alagoanas ao longo dos anos. O molusco, cuja produção vive ameaçada de desaparecimento em função da poluição da Mundaú e do aparecimento de uma espécie similar e predadora, também foi uma das mais importantes fontes nutritivas para famílias pobres, que saciavam a fome com o preparo da espécie em pratos variados e saborosos. 

Com a poluição que avança e acelera a destruição da Lagoa Mundaú, o sururu pescado na capital de Alagoas não é mais suficiente para alimentar e ser fonte de renda - ao mesmo tempo - para as marisqueiras e suas famílias. A cada ano a produção do molusco é reduzida, assim como inúmeras espécies de peixes do  santuário ecológico que já foi a Mundaú. Estudos realizados pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) mostra a preocupante e triste realidade sobre o sururu e seu habitat em Maceió. 

Na avaliação do senador Rodrigo Cunha, o projeto é um meio de reconhecimento do alimento, que já é patrimônio imaterial do estado. “Uma das heranças das belas lagoas do estado é o sururu. A grandeza do sururu de capote, iguaria que alimenta várias famílias alagoanas e multidões de turistas, ultrapassa o caráter meramente alimentar e permeia o imaginário local que está enraizado na cultura e na identidade do Estado”, expôs, com uma visão romantizada sobre assunto.

Efraim defende que o significado cultural que a iguaria apresenta para os alagoanos deve ser ressaltado. “Não podia deixar de ser Maceió, a bela capital de Alagoas, a cidade que melhor representa a presença do sururu no estado em suas dimensões social, econômica e cultural”, diz. 

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