CENSURA
Moraes ordena retirada de matérias com alegações de ex-mulher de Lira
A medida atendeu a um pedido feito pela defesa de LiraO ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ordenou nesta terça-feira (18) a retirada do ar de dois vídeos e dois textos jornalísticos que contêm afirmações de Jullyene Lins, ex-mulher do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), sobre supostas agressões cometidas pelo parlamentar. A decisão atendeu a um pedido da defesa de Lira. As informações são da Folha de São Paulo.
A ordem abrange um vídeo de uma entrevista realizada pela Folha em 2021, um vídeo da Mídia Ninja, além de uma reportagem do portal Terra e outra do Brasil de Fato sobre o caso.
Na entrevista à Folha, realizada em Alagoas em 2021, Jullyene Lins afirmou que Arthur Lira, então candidato à Presidência da Câmara, a agrediu fisicamente e posteriormente a ameaçou para que mudasse seu depoimento no processo em que ela o acusou de agressão em 2006. Após o recuo de Jullyene, Lira foi absolvido em 2015. O ministro Alexandre de Moraes estipulou um prazo de duas horas para a remoção do conteúdo, incluindo "qualquer postagem com conteúdo veiculando matéria idêntica aos URLs mencionados acima, sob pena de multa diária de R$ 100 mil".
Nos últimos dias, Moraes tem concedido diversas ordens de remoção de perfis e páginas na internet a pedido de Lira.
Jullyene foi casada por dez anos com o deputado, com quem tem dois filhos. Na entrevista à Folha em 2021, ela chorou quatro vezes e mostrou deformações no abdômen que, segundo ela, foram causadas pelas agressões da época. Em outubro de 2020, Jullyene havia solicitado à Justiça de Alagoas medidas protetivas contra o deputado.
A decisão de Moraes levanta questões sobre a liberdade de imprensa e a censura, especialmente considerando a natureza das acusações e a relevância pública do caso. A defesa de Lira argumentou que as afirmações de Jullyene são falsas e prejudiciais à imagem do deputado, justificando assim a remoção do conteúdo. A medida, no entanto, reacendeu o debate sobre os limites da censura judicial e o direito à informação.