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Novonor e Petrobras sugerem bancos no controle da Braskem

Estatal e ex-Odebrecht propõem a conversão da dívida de R$ 15 bi
Por Redação com InvestNews 24/08/2024 - 08:13

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Afrânio Bastos
Braskem em Maceió
Braskem em Maceió

Três meses após o fracasso da negociação para a venda da petroquímica Braskem (BRKM5) para a Adnoc, estatal dos Emirados Árabes, uma nova proposta surgiu para tentar resolver o impasse envolvendo a empresa. Desta vez, as negociações ocorrem entre Novonor (ex-Odebrecht), Petrobras e os cinco bancos credores – Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e BNDES – sem a presença de um comprador externo.

Conforme apurado pelo InvestNews, a proposta atual prevê transformar os bancos credores em co-controladores da Braskem. Esses bancos passariam a ser os proprietários das ações da petroquímica que atualmente pertencem à Novonor, as quais foram dadas como garantia de uma dívida de R$ 15 bilhões, contraída entre 2014 e 2019. 

Caberia a essas instituições escolher quem faria a gestão da empresa. A proposta ainda sugere que a Novonor permaneça como acionista, com 4% da Braskem, o que tem gerado resistência entre os bancos. As instituições financeiras só estariam dispostas a avançar nas negociações se a Novonor ficar de fora da sociedade.

Atualmente, a Petrobras detém 36,1% do capital total da Braskem, enquanto a Novonor, acionista majoritária, possui 38,3%. Essa fatia foi colocada nas mãos dos cinco bancos como garantia da dívida da Novonor durante a crise deflagrada pela Operação Lava Jato. É essa participação que vem sendo discutida há anos.

A Braskem atraiu o interesse de diversas grandes empresas, tanto nacionais quanto internacionais, para a compra do controle da companhia. Apenas em 2023, recebeu propostas da petroquímica Unipar, do grupo J&F e da Adnoc. Contudo, as negociações não avançaram, principalmente devido à resistência dos bancos em relação ao preço oferecido.

A dívida da Novonor com os bancos, cerca de R$ 15 bilhões, supera o valor de mercado da Braskem, atualmente pouco superior a R$ 14,3 bilhões. O cenário para a venda se agrava com o momento desfavorável do setor petroquímico global e o desembolso de R$ 4,4 bilhões pela Braskem em indenizações relacionadas ao desastre ambiental em Maceió.

Na proposta atual, o desconto para os bancos seria ainda maior, com as ações valendo aproximadamente R$ 5,4 bilhões, bem abaixo da dívida da Novonor. Com o risco de novas indenizações, as chances de os bancos recuperarem o valor integral da dívida se tornam cada vez menores.

Outro fator complicador é a possível associação com a Petrobras. A crescente influência do governo e da Federação Única dos Petroleiros (FUP) na estatal tem gerado receios entre os especialistas do setor. Recentes trocas em 17 gerências-executivas, algumas preenchidas por indicados da FUP e do PT, são vistas como preocupantes por executivos do mercado.

Diante desse cenário, um acordo entre Novonor, Petrobras e bancos parece incerto. Embora as instituições financeiras não demonstrem interesse em uma parceria com a estatal, a venda das ações no mercado a um valor atrativo também é pouco promissora. No entanto, depois de anos de impasse, essa pode ser a única solução viável para encerrar a questão com a Novonor.


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