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Jornalista Sebastião Nery morre aos 93 anos no Rio de Janeiro

Escritor e político deixou um marcante legado na imprensa
Por Maria Salésia 23/09/2024 - 09:52

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Arquivo pessoal
Sebastião Nery e seu amigo Maurício, em São Miguel dos Milagres
Sebastião Nery e seu amigo Maurício, em São Miguel dos Milagres

O escritor, político e jornalista Sebastião Nery faleceu na madrugada de domingo, dia 22, aos 93 anos incompletos, no Rio de Janeiro. Nery estava debilitado pela idade. Viúvo, deixa três filhos. Ainda não há informações sobre o velório e o sepultamento. Uma das últimas entrevistas concedidas por ele foi ao jornal EXTRA, em Milagres, no Sítio Belo dos Milagres, do amigo Maurício Moreira.

Um dos colunistas mais badalados da imprensa brasileira, o baiano de Jaguaquara teve uma vida ativa em vários segmentos. Na política, participou do encontro em Lisboa que tratou da reorganização do Partido Trabalhista Brasileiro, em 1979. Foi fundador do Partido Democrático Brasileiro, vice-presidente da seção fluminense do partido e secretário da executiva nacional, em 1980.

Foi deputado estadual da Bahia, pelo PSB, no período de 1963 a 1967. Também foi colunista da Tribuna da Imprensa, além de ter colaborado com os jornais Diário Popular, de São Paulo, Gazeta de Alagoas, O Estado do Ceará, Gazeta do Paraná e O Estado de Santa Catarina. Atuou como repórter no jornal O Diário, de Belo Horizonte, MG, em 1956, e no Jornal do Povo. Em 1958, foi jornalista no Jornal da Bahia, em Salvador, BA. Fundou o Jornal da Semana em Salvador, em 1959, e trabalhou como jornalista no A Tarde, também em Salvador, no mesmo ano.

Foi editor político da TV Globo de 1965 a 1970, jornalista no Diário Carioca em 1965, e colunista da Tribuna da Imprensa de 1968 a 1979. Em 1970, atuou como jornalista no Correio da Manhã e, em 1971, fundou o semanário Politika, onde permaneceu até 1974. Foi colunista da Folha de S. Paulo de 1975 a 1983, apresentador de um programa diário na TV Bandeirantes de 1978 a 1980, e colunista do jornal Última Hora em 1979. Entre 1985 e 1988, foi assessor especial do governador do Distrito Federal, em Brasília. Atuou como assessor na campanha de Fernando Collor de Mello à Presidência da República em 1989 e foi adido cultural nas embaixadas do Brasil em Roma e Paris, de 1990 a 1993.

Quase se tornou padre, tendo passado pelo Seminário de Amargosa, BA, e pelo Seminário Central da Bahia, em Salvador, de 1942 a 1950. Era bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal da Bahia e licenciado em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais, em 1954.

Com um currículo incomparável, Sebastião Nery publicou diversas obras, entre elas: Sepulcro Caiado: O Verdadeiro Juraci (Ed. Jornal da Semana, Bahia, 1962), Socialismo com Liberdade (Ed. Paz e Terra, Rio, 1974), As Dezesseis Derrotas que Abalaram o Brasil (sobre as vitórias do PMDB nas eleições, Ed. Francisco Alves, Rio, 1974), Portugal: Um Salto no Escuro (Ed. Francisco Alves, Rio, 1975), Pai e Padrastos da Pátria (Ed. Guararapes, Recife, 1981), Sibéria, Nicarágua, El Salvador e Outros Mundos (Ed. Codecri, Rio, 1982), Folclore Político (volumes 1, 2, 3 e 4, Ed. Record, Rio, 1973, 1976, 1978 e 1982), Crime e Castigo da Dívida Externa (1985), A História da Vitória: Por que Collor Ganhou (em coautoria com Cristóvão Buarque, 1990) e A Eleição da Reeleição (1999).

Presença marcante

Nery partiu deixando uma legião de amigos e admiradores. Ele esteve na posse do presidente Kennedy e do papa João Paulo II, era amigo do padre Pio, foi deputado federal pelo Rio de Janeiro em 1982, vereador por Minas Gerais e deputado estadual. Amigo de Mário Soares e de Felipe González, ex-primeiro-ministro da Espanha. Maurício Moreira define Nery como aquele que tem uma alma gigante. "Nery é imortal pela sua grandeza e representa muito bem, principalmente, quem faz a boa imprensa. Um dos poucos que pode dizer: 'Combati o bom combate'."

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