Saúde
Município de Maceió não habilita hospital que atende pessoas transexuais
Capital não tem serviços estruturados para atender à demanda, segundo o MPALO Ministério Público de Alagoas (MPAL) e o Ministério Público Federal (MPF) estiveram, nesta quinta-feira (23), no Hospital Universitário (HU) e na Clínica da Família Dr. João Fireman, da rede estadual de Saúde, para conhecer os serviços destinados ao tratamento de saúde de pessoas transgênero e transexual. A visita foi coordenada pela promotora de justiça Alexandra Beurlen e pelo procurador da República, Bruno Lamenha.
Apesar dos serviços estarem em funcionamento, o Município de Maceió ainda não habilitou o Hospital Universitário para integrar sua rede de saúde, o que tem gerado prejuízos à garantia dos direitos de homens e mulheres trans. Foi identificado que o Ambulatório Trans do Hospital Universitário não possui estrutura física nem de pessoal suficientes para o atendimento dos seus 142 pacientes, enquanto na Clínica da Família, são 348 pessoas que estão em atendimento e também aguardam a ampliação do serviço com o credenciamento junto ao Ministério da Saúde.
Atualmente, no Hospital Universitário, apenas cinco profissionais (um psicólogo, um psiquiatra, uma endocrinologista, uma enfermeira e uma assistente social) estão atendendo as pessoas trans, em três dias da semana e apenas no primeiro horário. Há necessidade de que o quadro tenha, no mínimo 12 profissionais, integrando outras áreas. Já na Clínica da Família, a principal queixa dos representantes da população transgênero e transexual é a falta de capacidade de atendimento psicológico, mas também há necessidade de ampliação da equipe. Em ambas, ainda não está sendo fornecido medicação para mulheres, ao passo que a Clínica de Família vem ofertando a terapia hormonal para homens em ambos os serviços.
“O Estado não tem psicólogos suficientes para atender a todas as pessoas que estão sendo acompanhadas pela clínica da família. Então, quando alguém precisa de atendimento com psicólogo não envio para lá. Logo, defenderei as poucas profissionais do HU que fazem nosso atendimento e nos acolhem, porque se não fossem elas não estaria vivo, elas salvaram a minha vida e precisam salvar muitas outras”, ressaltou Benan Morais, coordenador do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (IBRAT), núcleo Alagoas, e paciente do ambulatório trans do HU.
Entre os assuntos discutidos nas visitas esteve a potencialização dos atendimentos cirúrgicos. “Quanto mais atendimentos forem garantidos pelo Estado e pelo Hospital Universitário, mais vida serão salvas. Isso é o que chamamos de justiça social”, disse o professor do curso de Medicina da Ufal, Waldemar Neves. Em Alagoas, a média do tempo de espera para cirurgia de redesignação sexual é de 10 anos.