Meio ambiente

MPF recomenda suspender retirada de areia de Feliz Deserto para a Braskem

Órgão recomenda providências para investigar impactos ambientais e proteger moradores da região
Por MPF/Alagoas 12/03/2025 - 16:31
A- A+
Ascom/IMA/AL
Área usada pela empresa para retirada de areia em Feliz Deserto
Área usada pela empresa para retirada de areia em Feliz Deserto

O Ministério Público Federal (MPF) recomendou, nesta quarta-feira (12), a suspensão das atividades de extração de areia em Feliz Deserto (AL) até que sejam esclarecidos os impactos à infraestrutura local. A medida busca prevenir danos ambientais e proteger a segurança dos moradores do entorno.

A recomendação foi enviada à Braskem, para que suspenda a compra de areia do fornecedor investigado até a conclusão das apurações; à Agência Nacional de Mineração (ANM), para que suspenda as autorizações de lavra e pedidos de pesquisa relacionados à extração; ao Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL) para que suspenda as licenças ambientais concedidas para a atividade, e; à Prefeitura de Feliz Deserto para que evite conceder novas licenças ou alvarás para a exploração mineral.


Os destinatários têm 5 dias para informar ao MPF se atenderão à recomendação e quais providências serão adotadas.

A recomendação do MPF foi motivada por denúncias de que a extração de areia na região, embora licenciada, estaria causando rachaduras em imóveis, danos a estradas e impactos ambientais. Inspeções do IMA/AL constataram que a atividade estava sendo feita fora das áreas autorizadas, o que resultou em autuações e na suspensão da licença municipal pela Prefeitura de Feliz Deserto.

A investigação ganhou relevância porque parte da areia extraída é usada para preencher as cavidades deixadas pela exploração de sal-gema em Maceió, atividade que causou o fenômeno de subsidência nos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol. Uma das muitas exigências que a Braskem deve cumprir é garantir que a areia utilizada venha de fontes legalizadas e com o menor impacto ambiental possível, conforme acordo firmado com o MPF, em dezembro de 2020.

Outras providências

Além da recomendação, o Grupo de Trabalho do MPF que acompanha o Caso Braskem tomou novas medidas para aprofundar as investigações e proteger a comunidade:

- Vistoria em imóveis: foi expedido ofício à Defesa Civil Estadual, solicitando a realização de inspeções conjuntas com a Defesa Civil Municipal de Feliz Deserto nos imóveis do Loteamento Paraíso do Sul, com o objetivo de verificar rachaduras e riscos estruturais. O prazo para resposta é de 30 dias.
- Perícia ambiental no Rio Canduípe: o Setor Pericial do MPF foi acionado para realizar perícia técnica e avaliar os impactos da extração de areia no Rio Canduípe, indicando, se necessário, as medidas de recuperação da área degradada.
O MPF seguirá investigando se o processo de licenciamento ambiental considerou a dimensão da operação e o volume de areia extraído, avaliando se as medidas compensatórias previstas foram adequadas para mitigar os impactos ao meio ambiente.



Encontrou algum erro? Entre em contato