Golpe no Grindr

Alagoano é vítima de golpe aplicado por 'falso delegado' do RS

Criminosos usaram o nome de Rodrigo Bozzetto para dar credibilidade ao crime
Por Ana Luíza Ambrózio/Estagiaria sob supervisão 23/03/2025 - 08:11
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Tania Rego/Agência Brasil
golpe celular aplicativo tecnologia email extorção
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Um jovem de 22 anos, que pediu para não ser identificado, foi vítima de um golpe na última terça-feira, 17, enquanto utilizava o aplicativo de relacionamentos Grindr. O crime, que envolveu uma falsa acusação e uma tentativa de extorsão, foi registrado por meio de um boletim de ocorrência.

Os criminosos usaram o nome do delegado Rodrigo Bozzetto, que atua na Polícia Civil do Rio Grande do Sul e é conhecido nas redes sociais por dar mentoria sobre concursos públicos. O perfil oficial do delegado no Instagram tem mais de 15,3 mil seguidores e seu nome foi utilizado para dar credibilidade à fraude.

Como o golpe aconteceu

A vítima relatou que estava conversando com um perfil no aplicativo quando trocou contatos para continuar a conversa pelo WhatsApp. No entanto, na manhã do dia seguinte, recebeu uma ligação de um número de São Paulo, alegando ser de uma delegacia de Bombinhas, em Santa Catarina.

Os criminosos afirmaram que a vítima havia se comunicado com um menor de idade com deficiência mental e que a mãe do suposto adolescente teria descoberto as mensagens. Para dar veracidade ao golpe, disseram que o Ministério Público já estava ciente do caso, mas que um acordo extrajudicial poderia impedir que a situação fosse levada à Justiça.

A quadrilha pediu um pagamento inicial de R$ 3.400 para cobrir danos materiais que o suposto menor teria causado em casa ao ser descoberto. Para aumentar a pressão psicológica, enviaram vídeos e fotos que supostamente mostravam o prejuízo. A vítima, temendo as consequências, realizou a transferência.

Momentos depois, os golpistas voltaram a entrar em contato, exigindo o valor total do suposto prejuízo. Foi nesse momento que a vítima percebeu a fraude e interrompeu o contato.

Um crime planejado

Os golpistas seguiram um roteiro para dificultar a denúncia: orientaram a vítima a apagar o aplicativo Grindr para que não houvesse registros da conversa. Além disso, o valor foi transferido para uma conta jurídica vinculada a uma plataforma de apostas, dificultando o rastreamento do dinheiro.

"Estou abalado, mas nem tanto pelo dinheiro, mas pelo tipo de crime que supostamente seria incriminado. Há diversos casos de denúncias falsas desse tipo e pessoas inocentes acabam morrendo", relatou a vítima.

Investigação e alerta das autoridades

A vítima procurou a polícia e registrou um boletim de ocorrência. Agora, a investigação segue para identificar os responsáveis pelo golpe.

O EXTRA entrou em contato com o delegado Rodrigo Bozzetto, cujo nome foi usado pelos criminosos. Em entrevista, Bozzetto afirmou que esse tipo de golpe tem sido recorrente e que diversos colegas da Polícia Civil do Rio Grande do Sul também foram alvos de fraudes semelhantes.

Bozzetto explicou que já foram realizadas diversas investigações sobre esse tipo de crime, resultando na prisão de suspeitos no Rio Grande do Sul e em outros estados. Segundo ele, os golpes variam entre extorsão, estelionato e uso indevido da imagem de agentes públicos para intimidar as vítimas.

"Minha mensagem é que as pessoas tenham cuidado com o que fazem na internet. Tudo fica registrado. Quando se conversa com alguém online, é como se estivesse abrindo a porta de casa para um desconhecido. Se alguém pedir dinheiro, não faça nenhuma transferência e procure imediatamente uma delegacia de polícia para registrar um boletim de ocorrência.", concluiu.

As autoridades orientam que usuários de aplicativos de relacionamento fiquem atentos a perfis suspeitos, evitem compartilhar informações pessoais e desconfiem de abordagens que envolvam pedidos de dinheiro ou chantagem. Em caso de tentativa de golpe, a recomendação é reunir provas e registrar um boletim de ocorrência imediatamente.

A vítima, apesar do susto, espera que seu relato ajude a evitar que outras pessoas passem pela mesma situação. 

"Quero tornar essa situação pública para que outros não caiam", afirmou.

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