"Sua vida vai começar a virar do avesso, pode ter certeza." Foi assim que, segundo o Ministério Público de Alagoas (MPAL), Gabriella Pinheiro, irmã de Kel Ferreti, ameaçou a enfermeira que acusa o influenciador de estupro. A denúncia foi apresentada pelo órgão ministerial no âmbito do processo de violência sexual que teria ocorrido em junho de 2024, em Maceió.

De acordo com a denúncia feita no dia 18 de março, à qual o EXTRA teve acesso, a vítima recebeu uma mensagem pelo Instagram em 16 de fevereiro de 2025, dias após prestar depoimento em audiência. O perfil utilizado para o envio da mensagem não permitia identificar quem estava por trás da página.

Diante disso, o MPAL instaurou uma notícia de fato para apurar a autoria da mensagem e solicitou à Meta, empresa responsável pelo Instagram, informações sobre o perfil envolvido. "Indica-se que a conta tenha sido utilizada para a prática da ameaça por Gabriella Pinheiro de Oliveira Rodrigues", afirma o documento.

"No âmbito do presente processo, mostrou-se evidente a intenção de um parente próximo do acusado de intimidar a vítima, com promessa de lhe causar mal injusto e grave. Desde que o caso se tornou público, ela vem sofrendo constantes ameaças à sua honra", diz outro trecho da denúncia.

"Já resta suficientemente comprovado que partiu de Gabriella Pinheiro de Oliveira Rodrigues a mensagem de ameaça encaminhada à vítima nos presentes autos e que ela é irmã do ora acusado Kleverton Pinheiro de Oliveira", conclui o MPAL.

O órgão pediu que essas informações sejam consideradas pelo Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL) no julgamento do pedido de habeas corpus feito pela defesa de Kel Ferreti. A análise do pedido estava marcada para a última quarta-feira, 26, mas foi suspensa pela Câmara Criminal do TJ-AL após o voto do desembargador Ivan Brito e o pedido de vistas do desembargador Tutmés Airan.

O EXTRA tentou contato com Gabriella Pinheiro, mas não obteve retorno até a última atualização deste texto. O espaço segue aberto para manifestação.

O caso

Kel Ferreti está preso desde 4 de dezembro de 2024, respondendo a um processo por estupro. Embora tenha tido a prisão revogada no âmbito da Operação Trapaça — que investigou lavagem de dinheiro relacionada à divulgação de jogos de azar online —, o influenciador permaneceu recluso no sistema prisional de Alagoas devido ao processo por violência sexual.

A nova acusação foi formalizada pelo Ministério Público de Alagoas há pouco mais de três meses. Segundo a denúncia, o crime ocorreu em junho de 2024, em uma pousada no bairro Cruz das Almas, em Maceió. O MP aponta que Ferreti manteve relação sexual com a vítima mediante o uso de violência.

Para embasar a denúncia, o órgão anexou ao processo provas como declarações da vítima, laudo de exame de corpo de delito, atestado médico, registros de conversas em redes sociais, fotos, comprovantes de transporte por aplicativo e depoimentos de testemunhas.